A Escola Secundária do Cartaxo recebeu a Universidade Sénior para um encontro intergeracional, tendo como tema de fundo a liberdade trazida pelo 25 de abril de 1974.
A iniciativa surgiu de uma proposta da Associação de Estudantes da Escola Secundária em Conselho Municipal da Juventude e assim se concretizou, na passada sexta-feira, 22 de abril, no âmbito da comemorações dos 48 anos da Revolução dos Cravos, um encontro com alunos da Universidade Sénior do Cartaxo e alunos da Secundária, que assinala também o facto de o tempo da democracia em Portugal já ultrapassar o tempo vivido em ditadura.
Durante cerca de uma hora e meia, foram os mais velhos a dominar a conversa, captando a atenção dos alunos presentes. O entusiasmo começou logo com a intervenção do professor António Pinto, subdiretor do Agrupamento Marcelino Mesquita, que moderou a mesa. Tal como outros professores que também acabaram por intervir no evento, António Pinto era um jovem estudante quando se deu a revolução e lembrou aos alunos que o ouviam, atentamente, como era a escola nos tempos da ditadura. “Nós éramos ensinados a ser acríticos”, resumia o professor, lembrando que havia muito pouca gente informada e politizada naquela altura.
A separação de rapazes e raparigas nas salas de aula e nos recreios foi outro exemplo lembrado pelo professor e pelos restantes intervenientes. Mas também a trilogia Deus, Pátria, Família, incutida pelo regime de Salazar, a mocidade portuguesa, a censura, a PIDE e a guerra foram temas abordados, com Jorge Manuel dos Santos e António Oliveira, da Universidade Sénior do Cartaxo, a lembrarem episódios que viveram nos tempos de ditadura e da guerra no Ultramar, assim como no próprio dia 25 de Abril de 1974. Aos mais novos, para além das histórias, deixaram o apelo para a importância na participação cívica e política, “porque é assim que se constrói a liberdade e quem viveu sem liberdade sabe dar o valor”.
Da plateia falaram mais os professores ali presentes que os alunos. Na sua maioria, os jovens mostraram-se interessados nas histórias que ouviam contar, mas este é um tempo que já lá vai e a realidade que eles vivem está muito distante da que foi vivida pelos seus avós. Mas, porque nada pode ser dado como adquirido na vida, finalizando o encontro, o presidente da Associação de Estudantes, Vasco Silva, terminou pedindo aos colegas que “mantenham o espírito crítico, que procurem informar-se, porque viver na ignorância é meio caminho andado para voltarmos ao que era antes do 25 de Abril”. Reforçando a ideia, o vice-presidente da Câmara Municipal, Pedro Reis, lembrou as liberdades e garantias conquistadas com o 25 de Abril, frisando a importância de as perpetuar.
Durante o encontro, alunos das turmas de artes iniciaram a pintura de um mural alusivo à Liberdade e ao 25 de Abril, que marca o ano em que celebramos mais dias vividos em democracia do que em ditadura, em Portugal.