Depois de alguns anos à espera, eis que finalmente chegou a hora de o ValleyPark arrancar. A garantia é dada ao Jornal de Cá por José Eduardo Carvalho, presidente do Conselho de Administração deste parque de negócios
Dentro de pouco tempo, a Cafécop vai juntar-se à TagusGás no ValleyPark, também conhecido por Área Empresarial do Falcão. São 36 novos postos de trabalho que a empresa vai criar até final de dezembro deste ano para juntar aos 64 que já oferece, havendo mesmo a possibilidade de criar mais emprego no próximo ano.
O investimento da empresa de bebidas e transformação alimentar no ValleyPark chegará a um milhão de euros nos próximos dois anos.
Foram muitos anos à espera, muitos constrangimentos ultrapassados, que resultam, agora, na segunda-feira, dia 4 de junho, na assinatura do primeiro contrato de promessa, de oito lotes, para a instalação da empresa. José Eduardo Carvalho, presidente do Conselho de Administração do ValleyPark, adianta que “já está contratualizada a venda de 13 lotes”, e que, para além desta empresa, cujo contrato é assinado na segunda-feira, “espera-se que, passadas duas ou três semanas, se efetue a assinatura pública do contrato de promessa de outros três lotes”. Para além destas, há ainda outras sete empresas em processo de negociação para se poderem vir a instalar no concelho do Cartaxo, assegura este responsável.
O desenvolvimento e todas as pessoas que aqui vivem dependem do sucesso disto.
José Eduardo Carvalho
Estas primeiras duas empresas não têm as suas sedes sociais instaladas no concelho do Cartaxo, mas “uma das condições negociadas foi a passagem das sedes sociais para aqui. É uma empresa que tem uma série de unidades em muitos sítios, em Lisboa, em Castelo Branco. É uma empresa de vending, a Cafécoop, que felizmente conseguiu grandes contratos e tem necessidade de expansão”, explica, e “as sedes sociais aqui são fundamentais, porque da maneira que o Cartaxo está… o desenvolvimento e todas as pessoas que aqui vivem dependem do sucesso disto. O Cartaxo e Santarém. E é preciso perceber isso”. Além disso, José Eduardo Carvalho desvenda que o concelho do Cartaxo apresenta, ainda, outra vantagem, que é a do acesso a sistemas de incentivos, o que poderá ter pesado nos investimentos que agora vão ser formalizados.
“Tal como eu sempre disse, havia de chegar a hora do ValleyPark arrancar. E arrancou agora. Nem havia razões para não arrancar, desde que fossem criadas condições mínimas de comercialização, porque isto é um parque bem localizado, próximo de Lisboa, com uma acessibilidade fantástica… A construção deste nó já se inseriu na estratégia de criar aqui um lote. Essa foi condição essencial, porque se não se criasse o nó não havia possibilidades de se criar aqui um parque. Do ponto de vista da planta urbana, do planeamento e do ordenamento, foi feito pelos melhores arquitetos portugueses. Portanto, isto tinha tudo para dar”, resume José Eduardo Carvalho, com a convicção própria de quem nunca equacionou desistir.
O arranque acontece só agora, essencialmente, por dois fatores: “dá-me ideia que havia aqui alguma desconfiança sobre a situação económico-financeira da sociedade que geria, em primeiro lugar. Em segundo lugar, essa foi a grande razão, houve uma quebra brutal do investimento. Agora, as coisas melhoraram, a formação bruta de capital fixo no investimento está a subir, portanto, era inevitável que começassem a aparecer entidades”, considera José Eduardo Carvalho.
“O preço dos lotes foi outra mistificação que se fez”, começa por referir este responsável, dando como exemplo o município de Azambuja, onde “os preços são muito mais altos do que aqui”, salientando, no entanto, que “a Câmara de Azambuja tem condições que a Câmara do Cartaxo não tem, porque recebe muito IMI. Mas apesar de tudo, os preços são muito mais altos do que aqui. E, apesar de tudo, as empresas instalam-se lá e conseguiu-se fazer bons negócios. Agora, não se pode é estar a vender abaixo do preço de custo. Se for uma fábrica de produção contínua, a gente pode fazer campanhas, mesmo do ponto de vista estratégico, e baixar o preço do produto. Mas o produto está sempre vendido; aqui não, aqui é uma área, é aquilo, não se estende. Se nós vendermos abaixo do preço de custo determinados lotes, ou temos condições para, depois, nos outros lotes, fazer um preço maior, ou vai-se perder dinheiro. Isto não pode ser vendido ao desbarato”, questionando “o que é que vale, em termos de marketing, em termos de publicidade, em termos de acessibilidades, instalar uma empresa aqui ou noutro lado? Na zona industrial antiga, qual é a diferença? A valorização imobiliária de quem compra aqui e que depois queira, eventualmente, vender, não há comparação possível. E essas coisas pagam-se”.
Isto não pode ser vendido ao desbarato.
José Eduardo Carvalho
Esta Área de Localização Empresarial obedece a critérios rígidos, até do ponto de vista arquitetónico. Este é um parque empresarial ‘copiado’ do norte da Europa, em que não podem existir vedações, tem de existir sempre uma cobertura arbórea, tem espaços de lazer, serviços, controlo de entradas… “Nós já declinámos investimentos porque sabíamos que, ao vir para aqui, com as características disto, numa situação quase de condomínio, instalar aqui coisas que depois não tinham as preocupações de estética e de arquitetura, não valia a pena. Há esse cuidado e o próprio alvará da Área de Localização Empresarial junto do Ministério da Economia tem definidos os CAE’s que nós podemos aceitar, não podemos aceitar tudo”, esclarece.
O processo do ValleyPark já vai longo, e é sobejamente conhecido pelas piores razões. Durante muitos anos, não obstante o interesse manifestado por algumas empresas, ninguém se pôde lá instalar, já que, aquando da aquisição dos terrenos, Paulo Caldas, à data presidente do Município, assinou os documentos sem que para isso estivesse mandato pela Assembleia Municipal. Depois, em 2013, quando a situação foi detetada, a Câmara estava impedida de assinar a escritura definitiva dos terrenos por causa da Lei dos Compromissos e por estar sob a alçada do FAM (Fundo de Apoio Municipal). Quer isto dizer que, para todos os efeitos, a Câmara do Cartaxo não era dona dos terrenos.
Depois de a Câmara do Cartaxo se ter visto na eminência de ter de devolver dois milhões de euros de fundos comunitários por esta situação, e de o Município ter chegado a ponderar acusar Paulo Caldas por gestão danosa, a situação acabou por ser desbloqueada quando, em 2016, uma sociedade comprou os créditos da sociedade gestora do ValleyPark à banca, o que, “de alguma forma, veio facilitar os procedimentos naquilo que tinha a ver com o registo do Plano de Pormenor”, explicou Pedro Ribeiro, presidente da Câmara do Cartaxo, ao Jornal de Cá, em maio de 2017.
Desta forma, ultrapassadas todas as questões, os lotes do ValleyPark puderam começar a ser comercializados, mas só os da primeira fase. “Isto é um parque grande, porque além destes 33 hectares estão mais 53 do lado de lá. Isto aqui é a primeira fase, depois há uma segunda e uma terceira, falta investir, ainda, dez milhões de euros. Neste momento, estão investidos, entre compra de terrenos, infraestruturação, projetos, estudos, seis milhões, ainda falta investir dez. Portanto, isto é um projeto para mais de uma década”, finaliza José Eduardo Carvalho.