Trump tornou-se o maior motivador planetário. E tem sobre si os olhos do mundo, conseguindo unifica-lo de uma forma que antes era improvável. E se as suas ações são contraditórias e polémicas, os efeitos positivos em reação às mesmas são bem plausíveis e não oferecem dúvidas quanto à adesão e comunhão de interesses e ideias globais.
A recente assunção da saída norte-americana do acordo climático de Paris motivou uma rápida reação interna de alguns estados da união federal. Califórnia (o mais rico), Nova Iorque e Washington uniram-se e formaram a denominada Aliança Climática, que reassume os compromissos com os princípios ambientalistas saídos do difícil acordo de Paris, em 2015. E mostraram, para além de força e determinação estaduais, algo bem mais importante e que pode bem ser a pedra de toque da nova democracia do séc. XXI: a consciência global e o princípio do fim da autoridade política mundial.
Assistimos a algo que é novo na cena política mundial. O presidente da ainda maior potência planetária está a ser desautorizado quase diariamente pelo seu próprio povo e em várias frentes. Foi assim com a rejeição judicial do fim do programa Obamacare, foi também com a não adesão à ideia radical da construção do muro na fronteira com o México e é agora, com estrondo, com esta reação imediata de alguns dos estados mais poderosos da união a esta decisão histórica e que, bem vistas as coisas, poderá ser o empurrão definitivo para a consciencialização mundial para as alterações climáticas e a urgência de agir sobre as suas causas.
Trump quis lançar um “míssil” eleitoral que o fizesse ficar bem na foto dos grandes defensores dos EUA mas o que conseguiu foi um enorme tiro no pé, e com consequências ainda por determinar, ao provocar a contestação de milhões de norte-americanos e a tomada de posição forte dos que acreditam num mundo melhor e mais amigo do ambiente. Nem as promessas de lutar pelo emprego de milhões de norte americanos congregou a unanimidade que pretendia. Acenou com a glorificação do país, virando-se sobre si mesmo e contra o mundo mas pareceu desconhecer que os EUA são efetivamente uma federação de 50 estados, muito diferentes entre si e onde vários se movimentam na cena política mundial como autênticos países independentes. É assim com a poderosa Califórnia, historicamente democrata, liberal e assumidamente livre nas suas convicções e modo de vida. Felizmente, muitos estados trabalham afincadamente nas energias renováveis e os EUA têm liderado a sua implementação e crescimento. A par da China que também já percebeu a inevitabilidade deste caminho limpo. E a verdade é que esta economia verde gera já emprego e lucro, tendo um potencial de sucesso ímpar a nível planetário. E com a difusão da informação nas redes sociais a consciência ambiental tornou-se esmagadora, unindo povos nesta nobre missão de salvar este planeta. Os sinais de perigo são evidentes e só os que insistem em defender os seus umbigos e os interesses imediatistas de lobbies não querem ver o que é inegável. E se ainda obtêm lucros com as suas indústrias poluidoras e que inviabilizam um futuro sustentável, essa realidade está a mudar, felizmente, muito mais rapidamente do que desejavam e supunham.
Este é o novo poder do mundo. A união entre povos com objetivos maiores e inalienáveis. E nada é hoje mais urgente do que defender o nosso planeta e a vida que “ainda” nos proporciona. Até porque não temos outro e como tal há que urgentemente arrepiar caminho e tratar de o salvar de nós mesmos.
Por tudo isto o nosso obrigado a Trump. Por chamar a atenção e despertar consciências como nenhum motivador de topo alguma vez conseguira até hoje. E a força ímpar da reação positiva às ideias abstrusas e incompreensíveis do (ainda?) líder dos EUA, é incomensuravelmente maior do que todos os esforços, dignos e meritórios, dos movimentos ambientalistas mundiais.
Vamos agora esperar que Trump venha dizer que o petróleo é a “nova energia” que irá salvar a América. Pode ser que assim esse grande poluidor de vestes negras fique em definitivo bem fechado nas jazidas e nunca mais volte. Tenhamos esperança!!