A amizade

Opinião de Vera Alves, Psicoterapeuta e Terapeuta de Casal

Uma grande parte dos casais era muito amigo enquanto namorados. Partilhavam, faziam confidências, contavam segredos, criaram laços, cumplicidades que os levaram a querer ficar juntos.

A razão pela qual esta amizade deixa de ter lugar no Nós, deveria ser discutida, pensada pelo casal. Procurar saber o que aconteceu e como a recuperar.

Uma das razões pode ter a ver com a rotina, onde só entra a gestão dos filhos, da casa, do trabalho, muitas vezes não deixando espaço para mais nada. Partilhar aspetos pessoais, perguntar “como correu o teu dia?” porque se quer saber mais sobre a vida da pessoa de quem se gosta, fazem parte da amizade.

Um casal referiu que tinha uma regra. Quando chegavam a casa, deixavam o trabalho e as preocupações inerentes à porta de casa. “Não levamos o trabalho para casa”. Achei interessante, e ao refletirmos sobre isso descobrimos que, como o sitio onde ambos passavam mais tempo durante o dia, era exatamente no local de trabalho, restando pouco tempo para outras atividades, então se não podiam falar sobre o trabalho tinham pouco para partilhar. Na realidade o que não queriam era chegar a casa zangados e descarregar um no outro. Poder falar sobre o que aconteceu profissionalmente, de bom ou de mau, pedir opiniões ou ser simplesmente ouvido é tão bom que se consegue passar o resto da noite mais envolvido com a família.

Outro dos aspetos que também pode levar ao “desaparecimento” da amizade é a falta de confiança, a exigência e a critica por parte do parceiro: “Antes gostava de contar, ouvia-me e gostava dos conselhos, agora acha sempre que eu podia fazer diferente, critica e não me entende”. O esperar que o outro seja perfeito, que faça tudo bem, leva a desilusão e ao afastamento. Quando não se é ouvido, não apetece partilhar. Escute mais e deixe acontecer! 

 

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