A depressão e o casal
Opinião de Vera Alves, Psicoterapeuta e Terapeuta de Casal
Cada vez há mais pessoas com depressão. Todos conhecem alguém com depressão, seja esta moderada ou grave. O termo depressão é, por vezes, usado de forma vulgar, como se não se tratasse de algo muito grave. Há pessoas que o usam erradamente quando se referem que só estão tristes. E há quem associe a: “ele(a) não quer é fazer nada”, “isso já passa”, “precisas é de trabalhar mais”, são comentários de desdém e de desvalorização e são sempre ditos por pessoas que nunca estiveram com depressão.
O curioso é que estamos a falar de fortes sentimentos de tristeza, angústia, solidão, desamparo, dor, impotência, pensamentos suicidas e de um grande sofrimento emocional. É uma dor insuportável que não é visível aos outros e não tem recuperação rápida. Há pessoas que têm muita dificuldade em perceber genuinamente este sofrimento. Podem ser condescendentes e dizer que compreendem, mas continuam a achar que estar deprimido é apenas ser preguiçoso.
Esta falta de empatia pelo sofrimento do parceiro(a) tem implicações graves no casal, tanto ao nível sexual pela diminuição do desejo, como pelo comportamento de apatia, desmotivação, falta de iniciativa, não querer saber do que se passa à sua volta.
Começa a haver menos cumplicidade, a rotina passa a ser mais pesada, com tendência para haver mais conflito e afastamento. Casais que ao longo da relação não estimularam a amizade entre si, sentem maior dificuldade em cuidar e entender.
O cuidar é organizador para quem é cuidado mas também para quem cuida. Sendo organizador vai ajudar que os sintomas da depressão sejam menos pesados e tenha um efeito mais tranquilizante. Os acontecimentos de vida positivos também ajudam a reduzir estes sintomas, assim como a psicoterapia, a medicação e o amparo familiar são essenciais para o tratamento e cura da Depressão.