Está marcado para domingo, 9 de julho, às 16h, no Centro Cultural do Cartaxo, o musical ‘A revolta das notas musicais’, em que o professor e maestro Rolando Ferreira dirige os pais dos seus alunos do JIC, desta vez num espetáculo solidário que, certamente, volta a encantar pais e filhos.
A Revolta das Notas Musicais é um espetáculo dirigido pelo maestro e professor Rolando Ferreira, em que mães e pais sobem ao palco deixando os filhos na plateia a assistir com toda a atenção ao resultado de muitas horas de ensaios. Depois de pisarem pela primeira vez o palco do Centro Cultural do Cartaxo, em finais de maio, surpreendendo os filhos que assistiam na plateia, voltam agora com o musical, num evento solidário, para ajudar a comprar instrumentos musicais para os pequenos usarem nas suas aulas de música no Jardim de Infância do Cartaxo (JIC).
O JIC tem dois professores de música: a professora Gisela que dá aulas a meninos com idades até aos três anos e o professor Rolando que dá aulas às classes de quatro e cinco anos e que dirige este musical, que agora volta ao CCC com um cariz solidário. “Esta nova apresentação surgiu da boa vontade de toda a gente e depois veio a ideia de fazer um espetáculo solidário para angariar verba para comprar instrumentos musicais (de percussão e um piano), que nós precisamos para o contexto de sala de aula”, reforça o professor.
O Jornal de Cá assistiu ao primeiro espetáculo, realizado a 27 de maio, no Centro Cultural do Cartaxo, num evento que marcava o encerramento do ano letivo 2016/ 2017, assim como agora foi assistir aos ensaios que os pais voltaram a fazer para subirem de novo ao palco do CCC, no dia 9 de julho. Pelo palco voltam a desfilar personagens bem conhecidas dos mais pequenos, como o capuchinho vermelho, o lobo mau e os três porquinhos, num espetáculo onde as notas musicais ganham vida e, através de músicas bem conhecidas, contam uma história com muitas histórias dentro.
Toni Costa, o narrador do musical, conta com a participação da mulher. A filha de ambos está no JIC e “adorou o espetáculo”, tanto que “andou 15 dias a ensaiar as peças lá em casa”, conta o pai que abraçou este desafio como uma “oportunidade de participarmos na educação dos nossos filhos de uma forma mais direta, depois houve muitas amizades que se reforçaram aqui e outras que assim começaram”. Depois, revela Toni, “o espetáculo despoletou o bichinho do palco em muita gente e houve alguns pais que, no início, não estavam tão entusiasmados e, à medida que os ensaios foram decorrendo, ficaram com o bichinho do teatro”. À medida que os pais nos vão contando esta sua experiência, todos se mostram muito contentes com estes momentos de descontração e motivados para neste segundo espetáculo “queremos angariar muito dinheiro para comprar instrumentos”, reforça Toni.
Ana Reizinho, pertence ao coro, tem um filho de seis anos e uma menina de dois, e relativamente aos ensaios diz que “até ajuda” sair do trabalho e vir para aqui, “pelo menos estamos aqui a divertir-nos” E em casa é uma alegria, os filhos “já só cantam as músicas”.
Pedro Neves, que faz de Pedro [e o lobo], já teve a filha mais velha no JIC, tem agora a mais nova, que passa este ano para a escola. “Foi um dia muito especial e uma experiência extraordinária! Assim como os ensaios, com o maestro Rolando, que nos ajudou, e a convivência com os outros pais e a amizade que nós criámos foi uma coisa muito boa”. E, depois do espetáculo, “a minha filha mais nova puxa por mim e canta as canções todas, todos os dias. Sabe tudo, até melhor do que eu”, diz o pai orgulhoso.
Cláudia Ferreira, educadora do JIC, também participa no musical, mas enquanto mãe. “Gostei muito. Diverti-me imenso nos ensaios e depois do espetáculo dei comigo em casa, todos os dias, a cantar as músicas e a sentir falta do ensaio da terça-feira, porque são momentos de descontração e risota”.
Entre os cerca de 50 participantes, há mais mães a entrar nesta brincadeira do que pais e o professor Rolando agradece, pois “as mães é que afinam”. Mas há vários casais envolvidos neste musical, como é o caso de Andreia e Rodrigo Araújo, com dois filhos no JIC “que adoraram o espetáculo”. Para Rodrigo é importante neste tipo de eventos a participação dos pais, “para que mais tarde eles, enquanto pais, também participem”.
“Foi gratificante”, diz Luís Pinto que reconhece, tal como os outros pais, que foi muito interessante reviver estas histórias infantis já antigas e que agora até é mais fácil pôr a filha a comer a sopa toda com a promessa de a deixar ver a história do lobo mau, personagem que interpreta neste musical e que já faz furor no JIC, com os meninos a reconhecerem-no como o lobo mau.
“O concerto foi tão realista que houve pais que contaram que os filhos mais novos acreditaram na história, acreditaram no lobo mau e assustaram-se”, conta Toni Costa. E Andreia Araújo confirma: “o meu filho achou muito mal o lobo mau ir ao jantar [de confraternização deste grupo de pais] e andou sempre a fugir dele”.
A ideia de fazer este espetáculo surgiu no ano letivo passado, mas não houve adesão dos pais. Como nos conta Rolando Ferreira, este ano foi novamente lançado o desafio e estes “pais corajosos” conseguiram assegurar isso e “divertiram-se bastante, acabando por ser uma terapia após o dia de trabalho. Cheguei a dizer-lhes que isto é melhor que ir ao psicólogo”, brinca. E os filhos “merecem ser os espetadores e ficar ali sentados a assistir, porque são sempre eles que dão o espetáculo para os pais e agora invertemos os papeis e acho que funcionou muito bem”. “Em aula mostrei-lhes a gravação do espetáculo e os olhos das crianças brilhavam ao ver os pais na televisão. Ficaram bastante agradados”, conta.
“O professor tem fama e é muito exigente”, dizem os pais em tom de brincadeira, justificando a oferta de uma t-shirt ao maestro, que a usou no dia do espetáculo, a dizer “Maestro. Aqui quem manda sou eu”, frase que Rolando Ferreira usou diversas vezes nos ensaios, para conseguir alguma ordem neste grupo de pais. O professor gostou do presente e reafirma que é mais fácil ensaiar os filhos que os pais. “Mas foi muito bom. Há mais de 20 anos que dou aulas aqui no Jardim e, nestes anos todos, nunca conheci verdadeiramente os pais dos alunos, conhecia-os de vista, e agora conheço-os melhor, porque estivemos muito tempo juntos. Começámos em janeiro com ensaios de 15 em 15 dias e em maio começámos a ensaiar todas as semanas”.
Entretanto, voltaram a juntar-se, desta vez para uma causa solidária. No futuro, não escondem o entusiasmo de poder voltar a encenar um espetáculo diferente, “é uma ideia a desenvolver, se calhar… quem sabe, será a génese de um grupo de teatro”, diz Toni Costa. Pelo que pudemos apurar, os filhos vão aplaudir, de pé, esta ideia.
Para assistir a este espetáculo muito divertido e dar um pequeno, mas muito importante contributo, visto que a receita reverte a favor do Jardim de Infância do Cartaxo para aquisição de instrumentos musicais, contacte o JIC (que tem bilhetes à venda na secretaria) ou compre o seu bilhete no dia do espetáculo, no Centro Cultural.