No passado acto eleitoral os gregos puseram-se a jeito! A esquerda radical apostou no Syriza porque afiança que é a solução certa para enfrentar a crise, a direita congratula-se porque acredita que é a solução errada; uns recomendam que o Syriza é o modelo a seguir, os outros que é a cobaia perfeita e ambos querem que toda a gente veja isso!
Até o PS se regozija, pasme-se! Será porque o seu homólogo grego desapareceu? Ou porque não enxergam que o populismo de esquerda só os prejudica? Vamos ver o que lhes acontece com o Marinho Pinto! Ou porque ainda não se deram conta que dois terços da dívida grega (200 mil milhões de euros) cabem à UE, Portugal incluído? Ou pretendem apenas cavalgar a onda? De facto, o coração tem razões que a razão desconhece!
E assim, enquanto os novos dirigentes gregos se pavoneiam, a direita testa a vacina: inoculado o vírus da esquerda radical na cobaia grega, o resto da Europa poderá monitorizar os efeitos nefastos da demagogia a uma distância segura; na Espanha, o Podemos foi chão que deu uvas; a França controla a Frente Nacional; a Inglaterra, o anti europeísta UKIP; a Alemanha, o euro céptico AfD; e assim por diante!
Estamos perante mais uma tragédia grega? Temo que sim! Se a demagogia não está cotada em Bolsa, a economia real está e aqui reside o grande problema: como sustentar um país com um défice compulsivo? Como sustentar salários, reformas, a educação, a saúde, etc., se gastamos mais do que temos? Como captar investimento interno e externo num país que não honra os seus compromissos?
A Grécia transformou-se num imenso laboratório político, económico e social e dois ingredientes principais relevam nestas eleições: primeiro, um eleitorado farto de austeridade, sem almofadas sociais e que não quer perder mordomias; segundo, o desejo de correr com a despudorada e corrupta velha nomenclatura que há muito esqueceu os mais elementares princípios de ética e de justiça social. Oxalá tudo corra bem!