Nascemos, vivemos e morremos.
Todos os fins de verão, um novo ciclo começa.
O ciclo das escolas e dos anos letivos. A começar pelos bombardeamentos das promoções, passando pelas ginásticas orçamentais das famílias e terminando na ansiedade das crianças e adolescentes.
As que começam, com a curiosidade inerente, as que continuam e que já sabem o que aí vem.
São as caras novas, de colegas e professores, são as esperanças não verbalizadas em algo que não sabem lá muito bem o que é.
É-lhes dito que é mais um degrau, mais importante, que fará delas e deles melhores adultos, com novas responsabilidades, com um ar grave.
E que vai ser divertido. Mas eles sabem bem o que vai ser. Vão ser dias de trabalho, de “não apetecer ir”, de “seca”, de levantar cedo, de frio, de novos amores, velhos “ódios” e vice-versa e de outros momentos, que recordarão através das apps e dos smartphones.
É o que é. Tem de ser.
Mas estes esforços não devem ser em vão. A preparação destes jovens que deverá ajudar os restantes, não-jovens, cidadão ativos e os que já o foram, a terem vidas e a serem melhores.
Essa visão é necessária.
Mas eles não entendem. Nem querem entender. As suas preocupações são outras.
Tomo a liberdade de colocar uma foto do meu primeiro dia de aulas, com o Fred e com o Luís, amigos de sempre, no distante ano de 1971.
Nós, os que já passaram por esses ciclos temos outro, o da Democracia.
Esta é a altura em que o povo vota.
One man, One Vote, dizem os anglo-saxónicos.
Independentemente das questões políticas e respetivas adesões, este é um ciclo importante. Ainda é vivo quem sofreu para que os jovens acima fotografados possam hoje votar, exercer o seu direito a poderem escolher quem e como irá conduzir o seu País. Decidir o preço do pão, se as crianças têm ou não escolas, se os idosos irão ter melhor ou pior vida, se os empresários vão contratar mais gente ou não, se vamos ter mais segurança, se a Justiça os vai servir.
São eles. Os eleitos. Aqueles que mandam por nós.
Porque também sabemos que são “eles” nunca “nós”. Porque “nós” achamos que trocar de eleitos de quatro em quatro anos resolve. Não resolve, como os recentes 40 anos nos mostram.
Mas pronto, é assim que funcionamos. É assim que o sistema está montado.
As crianças vão para a escola e os adultos vão votar.
E isto não é pouco, nem é tão mau como parece.
E eles sabem.