As eleições legislativas deste domingo vieram confirmar a tendência que há muito se adivinha, com a abstenção a subir para uns perigosos 45,5 por cento a nível nacional, contra os 43 por cento de 2015. À primeira vista, a diferença não é muita, mas se atentarmos ao número de inscritos e de votantes, percebemos a dimensão do problema. Estavam inscritos 9.343.084 eleitores, votaram 5.092.424. Em 2015, esses números eram de 9.439.701 inscritos e foram votar 5.380.451. Resumindo, estavam inscritos menos 96.617 eleitores, mas votaram menos 288.027 eleitores.
E esta realidade também se refletiu no concelho do Cartaxo. Este ano, estavam inscritos 20.478 eleitores e votaram 11.010. Em 2015, eram 20.818 eleitores, e exerceram o direito de voto 12.075. Quer isto dizer que, este ano, existiam menos 340 eleitores no concelho, mas foram votar menos 1.065.
Aliás, esta diminuição de votantes acaba, também, por se refletir nos resultados dos partidos. O PS venceu em todas as freguesias, aumentou a percentagem, mas diminuiu o número de votos, menos 220 votos. Conseguiu 40,02 por cento, fruto dos 4.406 eleitores que nele depositaram a sua confiança. Em 2015, apesar de ter alcançado 38,31 por cento, reuniu a preferência de 4.626 votantes.
Mas não foi só o PS a perder votos. Há quatro anos, coligados, PSD e CDS conseguiram, no concelho do Cartaxo, 3.166 votos (26,22 por cento). Agora, cada um por si, amealharam 2.424 (2.090 no PSD e 334 no CDS). Quer isto dizer que perderam 742 votos.
A CDU também tem razões de queixa dos cartaxeiros. De 1.346 votos em 2015 (11,15 por cento) passou para 941, em 2019 (8,55 por cento). No final das contas, menos 405 votos.
O mesmo acontece com o BE que, apesar de continuar a ser a terceira força mais votada, conquistou menos 339 votos (1.612 e 13,35 por cento em 2015; 1.273 e 11,56 por cento em 2019).
No total, estes cinco partidos perderam 1.706 votos.
E para onde foram? Alguns para o PAN, que duplicou a votação (passou de 196 votos em 2015 para 393 em 2019) e alguns para o Livre (91 em 2015 e 151 em 2019), partidos para onde deverão ter sido direcionados os votos do eleitorado de esquerda que não votou PS, BE ou CDU.
Já no que respeita às perdas de PSD e CDS, poderão dever-se ao surgimento do Chega, que alcançou, no concelho do Cartaxo, 276 votos, e do Iniciativa Liberal, que conquistou 102 eleitores. A juntar a estes, o Cartaxo registou 76 votos no Aliança. O R.I.R. conquistou 62 votos. No total, são 737 votos que ‘fugiram’ dos partidos tradicionais para estes pequenos partidos. Os restantes devem ter ‘ficado’ nos números da abstenção.
De resto, todos os outros, à exceção do Nós Cidadãos, registaram perdas em relação a 2015. O PCTP/MRPP, que tinha sido a quarta força mais votada em 2015, passou de 204 votos para 96; o PDR passou de 111 para 86; o PNR obteve 51 votos contra os 61 de há quatro anos; o Nós Cidadãos aumentou a sua votação em seis votos, de 43 para 49; o MPT passou de 63 para 44 votos; o PPM registou 35 votos contra os 48 de 2015; o PURP baixou de 49 para 27; e o PTP passou de 46 para 14 votos.
A nível nacional, o PS venceu as eleições, com 36,65 por cento e 106 deputados eleitos. O PSD foi a segunda força política mais votada, com 27,9 por cento dos votos expressos e 77 deputados. A terceira força política é o BE (9,67 por cento), que manteve os 19 deputados, seguindo-se a CDU (6,46 por cento), com 12 deputados; o CDS (4,25 por cento) com cinco; o PAN (3,28 por cento) com quatro; Chega (1,3 por cento), Iniciativa Liberal (1,29 por cento) e Livre (1,09 por cento) todos com um deputado.