“Acho que se desvalorizou um pouco as necessidades rurais desta terra”

Jorge Rosa, 58 anos, ferroviário, candidato a presidente da Junta da União de Freguesias Cartaxo e Vale da Pinta pela CDU

Quem é o homem que se candidata a presidente de Junta?
Sou filho da terra, tenho 58 anos, nasci e vivi sempre no Cartaxo e sou ferroviário. Sou uma pessoa simples, quem me conhece sabe que sou, sou muito frontal. Nasci nesta terra ainda isto era uma vila. Pessoalmente, gostava mais desta terra como uma boa vila do que como uma má cidade. O que é certo é que as vicissitudes de toda esta envolvência da comunidade, a gula de fundos comunitários, deu no que deu, e eu acho que, como cidade, não foi aproveitada essa oportunidade.

O que o motivou a ser candidato?
Sou uma pessoa que gosto muito de estar no meu mundo, embora ache que devo dar o meu contributo pelo coletivo. E é por isso que eu aqui estou, por respeito à CDU e a pessoas da CDU pelas quais eu também tenho muita consideração e respeito. É uma das razões mais fortes, talvez, que me leva a candidatar pela CDU. São pessoas que, em alguns casos, nos conhecemos desde a meninice, das brincadeiras nas ruas da então vila, e toda essa envolvência leva-nos a conhecer-nos com alguma frontalidade e até amizade. E é essa uma das razões porque eu estou a dar a cara, novamente, pela CDU.

Que presidente de Junta quer ser? 
Eu quero ser um presidente de Junta muito simples, terra-a-terra, não valorizo muito o pavoneamento, ir acolá, mostrar-me… sei que tenho de ir aos sítios, mas, se calhar, eu não valorizo muito isso, valorizo mais as questões concretas das necessidades da União de Freguesias.

Acho que se desvalorizou um pouco as necessidades rurais desta terra. Hoje vemos, em qualquer evento, toda a gente fala na ruralidade da terra, que o futuro está na ruralidade, no turismo, mas depois, na prática, vemos as propriedades dos nossos pais todas abandonadas, há caminhos vicinais que ninguém os conhece.

Se queremos, realmente, valorizar o rural, o que é nosso, aquilo que temos para oferecer aos nossos visitantes, temos que o valorizar. E é isso que é importante. As estradas limpas, os caminhos limpos, dá-nos uma sensação que o Cartaxo, afinal, sempre é uma terra limpa, e eu, neste momento, não tenho essa ideia da freguesia do Cartaxo, muito sinceramente. E eu acho que isso era uma aposta. Não dou muita importância aos passeios de camioneta, ir aqui e acolá, a determinado tipo de festas… eu não valorizo muito isso. É importante, sim senhor, e eu gosto muito disso quando não tem segundas intenções. Quando tem segundas intenções não compactuo com isso.

Tenho conhecimento que neste mandato houve protocolos com a Câmara para poder ter acesso a verbas que eram importantes para a freguesia, mas acaba-se por assumir tarefas, dentro do concelho, que esvaziam o espaço que devia estar a ser feito, como por exemplo os caminhos vicinais. A oposição também entendeu que fazia falta a compra de um equipamento de algumas centenas de milhares de euros para limpar os caminhos. Eu sempre defendi e defendo a existência dessa máquina e de outras, mas essa máquina não pode estar parada, essa máquina, se pudesse, podia trabalhar 24 horas por dia no concelho, que tinha sempre serviço. Não podemos estar a ver esses equipamentos que foram adquiridos com um conjunto de esforços e dificuldades existentes e vê-los a trabalhar tão pouco. Eles trabalham e foram bem adquiridos, têm é de trabalhar mais. Têm de se aproveitar os recursos ao máximo.

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Que ideia tem da sua freguesia? 
Tenho alguns dos números na minha cabeça. Posso dizer que nas últimas eleições votaram cerca de oito mil eleitores na área da União de Freguesias Cartaxo e Vale da Pinta e cerca de dez por cento desses votos foram para a CDU, que eu tenho muito orgulho de ter representado ao longo deste mandato.

Também não sou muito bom de contas, e nem me preocupo com os números do orçamento. O que me preocupa realmente, e foi cavalo de batalha deste PS que hoje governa a Junta de Freguesia, é a questão do anterior PS na Junta de Vale da Pinta aparecer um valor de cerca de 21 mil euros que não constam nas contas, não existe suporte documental para justificar o desaparecimento desse dinheiro. Não está em causa a idoneidade, a honestidade de quem mexia no dinheiro. O que é certo é que não há suporte para esse dinheiro. Gastou-se algum dinheiro a fazer auditorias, gastou-se algum dinheiro para desvendar, não só lá como na própria Junta do Cartaxo, e o que é certo é que, até à presente data, estamos à porta de novas eleições, e ainda não temos uma resposta quanto ao desaparecimento desse dinheiro. Parece que, afinal, a montanha pariu um rato. Há a desculpa de que depende tudo do tribunal, mas o que é certo é que as coisas estão nos moldes em que estão.

Eu compreendo que tem havido, da parte deste executivo, uma tentativa de equilibrar financeiramente o que o próprio Partido Socialista deixou por arrumar, ou seja, há uma tentativa de arrumar a casa, eles também não herdaram só o bom, tinham que herdar também o mau. E quero recordar que no início nós também fomos parte dessa responsabilidade para que a própria Assembleia de Freguesia funcionasse, colaborámos, avaliou-se as regras com que essa mesma Assembleia devia funcionar e funcionou desde a primeira hora. A CDU tem sido participativa, só faltei uma vez, por doença, a uma Assembleia de Freguesia, e não me recordo de nenhuma vez em que não tenha apresentado soluções ou sugestões para o concelho.

Qual a primeira medida a tomar assim que for eleito?

Quanto a medidas, eu faço parte de uma equipa, da qual tenho orgulho. Poderia dizer-lhe algumas iniciativas pessoais que eu gostava de ver concretizadas, mas nós não trabalhamos assim, as coisas são discutidas. Mas eu sou muito rural, por exemplo, quando vejo uma proposta do Município para fazer uma ciclovia ali na Serpa Pinto quando temos um caminho maravilhoso, que é a estrada do Setil para Vale da Pedra, por exemplo, em que se podia fazer uma ciclovia linda, sem trânsito, não é poluente, porque é que não se aposta numa coisa dessas?

 

Equipa da CDU à Assembleia de Freguesia da União de Freguesias Cartaxo e Vale da Pinta
Candidatos efetivos
Jorge Manuel de Carvalho Rosa, 58 anos, ferroviário; Bruna Teresa Coelho Pereira, 18 anos, estudante; Carlos Manuel da Silva Mota, 63 anos, reformado; Joaquim Gonçalves de Oliveira Duarte, 68 anos, reformado; Maria de Fátima Marcelino Tavares, 49 anos, administrativa; Hugo Rodrigo Galinha Ferreira, 38 anos, fotógrafo; Francisco José de Deus Gutierres, 66 anos, reformados; Liliana Isabel Ferreira Rosa Faustino, 38 anos, desempregada; Fernando António Galacha Patrício, 47 anos, fiel de armazém; José Domingues Coelho Horta, 70 anos, mecânico; Dora Isabel Perdigão Ferreira Rodrigues, 37 anos, enfermeira; Hugo Manuel Soares Martins Bastos, 41 anos, escriturário principal; João Paulo Lambéria Rodrigues, 45 anos, motorista.

Candidatos suplentes
Maria Fernanda Marques Faria Pereira; Pedro Alexandre Varela Brinquete; António Alberto Ferreira Venceslau; Olinda Maria Carvalho; José Alberto do Couto Fernandes; José Carlos Nunes Henriques.

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