A Grécia está teatralmente associada a tragédia, a tragédia grega! E o momento é trágico porque o país está a assumir um terceiro programa de resgate extremamente austero, que deixará marcas para futuras gerações. Trágico também para a família de esquerda, dado que a sua grande opção era a de que havia alternativa a esta política europeia de austeridade em defesa do euro. Foi assim com Hollande, com Renzi e agora com Tsipras. Mas se todos já se renderam, é errado bater exclusivamente neste último.
Para as viúvas do Syriza tudo não passou de uma vingança alemã, argumento xenofóbico, esfarrapado e errado. Quem redigiu o novo guião de austeridade não foi a Alemanha, foi a França, como está documentado. Aliás, o presidente francês foi bem claro a este respeito: “Na Alemanha, havia uma grande pressão para a saída da Grécia. Mas eu recusei essa opção”. Dito isto, se querem um bode expiatório, um culpado para todo este trágico pacote de austeridade, olhem para François Hollande. Parabéns!
Como transformar um comunista radical xenófobo num caniche amestrado!
Para Tsipras, o atual acordo é a única via possível, não há alternativa, a única solução para financiar a curto prazo as necessidades imediatas da Grécia, impedindo a falência dos seus bancos e o descontrolo da situação social no país. Passou, assim, num repente, de «valoroso comunista radical xenófobo a caniche amestrado do grande capital e da alta finança, colaboracionista no pacto de agressão do imperialismo alemão contra o povo grego». Nem Jerónimo de Sousa diria melhor!
Num artigo anterior referi que «Estamos perante mais uma tragédia grega? Temo que sim! Se a demagogia não está cotada em Bolsa, a economia real está e aqui reside o grande problema: como sustentar um país com um défice compulsivo? Como sustentar salários, reformas, a educação, a saúde, etc., se gastamos mais do que temos? Como captar investimento interno e externo num país que não honra os seus compromissos?»
Com o governo Syriza, com esta coligação da extrema-esquerda e da extrema-direita, comunistas e fascistas unidos, o Grexit não sairá do horizonte … nem o Costa os safa!