“Ponto de vista”, por Jorge Honório
ESCOLA PÚBLICA versus ESCOLA PRIVADA. Eis-nos perante uma questão puramente ideológica, embora nos queiram vender uma outra versão, em que se apresentam números supostamente irrefutáveis mas congeminados, forjados, apresentados à medida de cada um, para servirem os propósitos de cada um, comparando realidades diferentes, comparando coisas que não são comparáveis, um espectáculo intelectualmente vergonhoso e degradante.
Quais são as melhores escolas, as públicas ou as privadas? E o que se entende por melhores? Nisto como em muitas outras coisas, há opiniões para tudo e mais alguma coisa, critérios para tudo,… A paixão “clubista” tolda o pensamento a alguns mas os rankings falam por si.
Aconteceu uma polémica semelhante com as escolas do ensino superior, universidades e politécnicos, mas o mercado, as ordens profissionais e as instituições internacionais puseram tudo em pratos limpos: agora toda a gente sabe quais são as melhores, as mais credíveis, as mais desejadas, as que garantem uma maior empregabilidade!
MENINOS RICOS versus JOVENS PIONEIROS. Digam o que disserem, façam o que fizerem, com as escolas do ensino primário, básico e secundário acontece o mesmo que com as escolas do ensino superior: as melhores escolas formam e continuarão a formar os melhores alunos. Só que com uma diferença, de não somenos importância quando se discriminam os alunos pelo rendimento familiar: os meninos ricos continuarão a frequentar os colégios, as escolas e as universidades mais caras, preferentemente selectivas e de referência, no nosso país ou no estrangeiro… os outros ficam-se pelas restantes.
Acabam-se as misturas, agravam-se as desigualdades: ainda bem, dirão uns… ainda bem, dirão os outros. E todos ficam satisfeitos, que maravilha!
A 19 de Maio de 1922, a União Soviética criou uma organização única para a educação das crianças, a “Jovens Pioneiros”, preconizada por Antón Makarenko; passados 94 anos, quase um século depois, perspectiva-se algo similar em Portugal sob a batuta de Mário Nogueira. Pasme-se!