Análise de solo, o que é e como fazer?

Por Hugo Vieira*

Para produzir bem importa conhecermos o nosso solo de forma a tomarmos as melhores decisões. Estas são as razões pela qual devemos realizar uma análise de solos:

Economia:
Poupar nos fertilizantes são uma das razões deve levar qualquer agricultor ou entusiasta a realizar uma análise de solos. Nestes últimos meses temos assistido a um aumento brutal nos preços dos adubos e produtos fitofarmacêuticos. A melhor forma de nos protegermos deste aumento é utilizar apenas o que realmente as nossas plantas necessitam e a análise de solos é o que nos permite tomar essas decisões.

Produtividade:
Se o nosso carro precisar de gasolina vamos-lhe por gasóleo? Não. Da mesma forma, a escolha do adubo correto que supre as necessidades da planta e do nosso solo é a grande diferença entre termos uma boa colheita ou estarmos simplesmente a gastar dinheiro para enterrar no chão sem qualquer consequência. Portanto, para escolhermos o adubo temos de ter em conta a planta e o solo.

Ambiental:
Grande parte do território do nosso concelho está em zona vulnerável de nitratos (zonas definidas em redor das bacias hidrográficas que são particularmente vulneráveis à poluição azotada, com consequências nefastas para o meio hídrico superficial e subterrâneo), estando por isso condicionada a aplicação de adubos e fertilizantes com azoto na sua composição a limites máximos por cultura. Esses limites são definidos de acordo com o azoto presente no solo e a sua necessidade específica para a cultura, e obrigam à realização de análises de solo periódicas e análises à água de rega anuais. Adubar incorretamente o solo pode ser prejudicial com consequências a médio e longo prazo para a estabilidade do solo.

Quando fazer?
Genericamente, devem ser realizadas análises de solo de 4 em 4 anos de forma a acompanhar a evolução do solo em relação às práticas culturais adotadas e produção realizada. No entanto, essa periodicidade depende da cultura e método de produção.

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Como realizar?
Dividir a nossa parcela nas suas zonas mais homogéneas e realizar uma análise por zona homogénea. Por exemplo, se temos na mesma parcela metade do terreno arenoso e a outra metade argilosa, devemos realizar 2 análises. Em cada uma dessas zonas devemos retirar pelo menos 15 a 20 sub-amostras em pontos diferentes aleatoriamente.

Caso se tratem de pastagens a profundidade deve ser de 0-10 cm, se forem culturas anuais deve ser retirada cada amostra de 0 a 20 cm e em culturas arbóreas e arbustivas de 0 a 50 cm. No fundo, retiramos a amostra com a profundidade em que a nossa planta vai “comer”.  Caso se tratem de culturas arbóreas e arbustivas, devemos retirar na zona de projeção das copas, marcando essas plantas para repetir as análises nas mesmas plantas passado 4 anos. De forma a facilitar o trabalho, devemos usar uma sonda para a colheita da amostra de solo, mas também pode ser realizado com uma enxada, uma broca ou uma pá.

Devemos ter o cuidado de limpar a vegetação superficial antes de recolher a amostra. Do total das amostras presentes e no fim de bem misturadas retiramos 0,5 kg para um saco limpo e identifica-se a amostra.

Onde realizar?
Os locais mais próximos do nosso concelho onde realizam análises de solo são a Escola Superior Agrária de Santarém e a Agroeno em Almeirim.

*Hugo Vieira é consultor agroalimentar. Artigo publicado na edição de março do Jornal de Cá.

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