Aos 29 anos, Caldas chega ao poder

Os protagonistas do Poder Local em democracia Parte II

Depois de Renato Campos e de Conde Rodrigues, chegava a vez de Paulo Caldas assumir os destinos do concelho. Jovem e ambicioso, Paulo Caldas chegou mesmo a receber de Jorge Sampaio, presidente da República, uma homenagem por ser o mais jovem presidente de Câmara do País. Mas nem tudo correu bem. A juntar à obra feita, a equipa por si liderada foi ficando destroçada.

O Partido Socialista continuava no poder, na viragem do milénio, no concelho do Cartaxo. Depois de Renato Campos e de Conde Rodrigues, chegava a vez de Paulo Caldas assumir os destinos do concelho. Jovem e ambicioso, o primeiro mandato de Caldas (2001/2005) – sobre o qual nos debruçamos nesta edição – tinha tudo para correr bem. A equipa que liderava era experimentada, à exceção da vereadora Elvira Tristão, a oposição contava apenas com dois elementos, e havia muita obra para fazer. Além disso, os fundos comunitários disponíveis eram mais que muitos. No entanto, as rosas também têm espinhos, e cedo se percebeu que a oposição, apesar de em pequeno número, estava atenta e alerta para a situação económico-financeira do Município. Além disso, uma equipa que tinha tudo para funcionar começou cedo a desmoronar-se, culminando nos pedidos de renúncia de dois vereadores

A era Caldas
No virar do milénio, o Mundo era um local em convulsão. Nos Estados Unidos, George W. Bush é eleito e toma posse na presidência; Augusto Pinochet, antigo ditador chileno, é colocado em prisão domiciliária; Ariel Sharon é eleito primeiro ministro de Israel; começa a falar-se da doença das vacas loucas; há guerra no Iraque; Slobodan Milosevic é preso e julgado por crimes contra a Humanidade na ex-Jugoslávia; Tony Blair é eleito primeiro ministro da Inglaterra; a Al-Qaeda ataca as Torres Gémeas e o Pentágono; e chega às livrarias o primeiro livro da saga Harry Potter; entre muitos outros acontecimentos.

O Portugal de 2001 – ano em que se realizaram as autárquicas, a 16 de dezembro – era um país ainda marcado pela tragédia de Entre-os-Rios, que tinha acontecido a 4 de março, com o colapso da ponte Hintze Ribeiro, que ceifou a vida a 59 pessoas. Na sequência deste acidente, o então ministro do Equipamento Social no governo de António Guterres, Jorge Coelho, apresentou a demissão das funções governativas, tendo sido substituído no cargo por Ferro Rodrigues. Mas era também o País de Jorge Sampaio, que havia sido eleito para um segundo mandato na presidência da república em 14 de janeiro.

O desemprego situou-se nos 4,1 por cento e, apesar de o PS estar no governo e na presidência da República, o cenário não se afigurava fácil para os socialistas, que acabaram por sofrer uma derrota nas autárquicas, o que levou à demissão do então secretário-geral do PS, António Guterres.

Não obstante a derrota nacional, no Cartaxo o PS manteve a maioria, apesar de ter perdido um vereador em relação ao mandato anterior (PS, seis vereadores; PSD, um vereador, eleitos em 1997). O PS Cartaxo queria apostar num jovem para encabeçar a lista à Câmara Municipal e o escolhido terá sido Pedro Ribeiro, que já desempenhava funções na vereação. No entanto, e segundo o Jornal de Cá conseguiu apurar junto de fonte próxima deste processo, nas vésperas da apresentação das listas, Pedro Ribeiro comunicou à concelhia que não aceitava ser o cabeça de lista. Assim, Paulo Caldas acabou por ser o escolhido.

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Paulo Caldas, à data com 29 anos, vinha ganhando protagonismo na última metade do mandato anterior, quando assumiu a vice-presidência da autarquia, em 2000, com a saída do presidente eleito, Conde Rodrigues, para o POC (Plano Operacional da Cultura), enquanto que na presidência do Município tinha ficado Francisco Pereira. Paulo Caldas tinha sido o sexto nas listas do PS mas, com a recusa de Pedro Ribeiro em assumir a vice-presidência (eleito em quinto lugar), acabou por ser o vice-presidente de Francisco Pereira.

Assim, do ‘elenco’ autárquico anterior, ficaram Paulo Caldas, Pedro Ribeiro, Augusto Parreira e Álvaro Pires, todos do PS, e Luísa Pato, do PSD, a que se juntaram Elvira Tristão (PS) e Vasco Cunha (PSD).

Era eleito o mais jovem presidente de Câmara do País, reconhecido por Jorge Sampaio, à data, presidente da República, em 2004, quando o mais alto magistrado da nação se deslocou ao Cartaxo para, na pessoa de Paulo Caldas, homenagear o Poder Local Democrático.

Segunda parte da reportagem sobre o Poder Local no Cartaxo, para ler na edição impressa de junho do Jornal de Cá. Já nas bancas do concelho do Cartaxo!

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