A Área de Serviço, que celebra este ano os seus 10 anos de existência, viu-se obrigada a adiar a peça “Dá Raiva Olhar Para Trás” que tinha estreia marcada para 29 de abril no Centro Cultural do Cartaxo.
Tendo em conta o encerramento do Centro Cultural do Cartaxo, devido à inundação ocorrida na passada semana, que levou ao encerramento do espaço, a Área de Serviço diz em comunicado que “não teve outra hipótese se não a de começar à procura de alternativas para estrear”, acrescentando que “a Câmara Municipal do Cartaxo bem como os seus colaboradores têm sido inexcedíveis em tentar encontrar soluções e em colaborar com a Área de Serviço para que a estreia possa acontecer o mais cedo possível e nas melhores condições possíveis. Os ensaios continuam com toda a força”, esperando-se para breve o anúncio da data e do local de estreia.
Para a Área de Serviço este “é um texto essencial e um passo obrigatório para a nossa companhia”, contando com a encenação de Frederico Corado e direção de cena de Mário Júlio, numa produção que conta com o apoio financeiro da DGARTES.
John Osborne, um dos “angry young man”, escreveu um dos marcos do teatro inglês ao pôr em palco jovens ingleses que não tinham participado na Segunda Guerra Mundial e onde descobriam que as suas consequências não eram promissoras.
Jimmy Porter parece não conseguir melhor do que o seu trabalho numa loja de doces, é um jovem inteligente mas insatisfeito, proveniente da classe operária, casado com Alison, uma jovem de classe média-alta com quem mantém uma relação tóxica, entre a cumplicidade e o abuso. A melhor amiga de Alison, Helen, aconselha-a a abandonar Jimmy, mas acaba por se envolver romanticamente com ele. História de um triângulo amoroso, “Dá Raiva Olhar Para Trás” é também um retrato desolado da vida das classes trabalhadoras inglesas no fim os anos 50 e um olhar crítico sobre o sistema de classes.
Este espetáculo conta com as interpretações de Vânia Calado, João Vítor, Inês Custódio, Gabriel Silva e a participação “muito especial do grande ator Joel Branco, que nos dá o grande prazer de se juntar ao elenco da Área de Serviço neste espetáculo que ficará para sempre marcado nas nossas memórias”.
Joel Branco, que todos conhecemos como sendo um dos mais populares atores do teatro ligeiro em Portugal, foi bailarino e primeira figura de várias revistas do Parque Mayer. A sua interpretação em “Godspell” no Teatro Villaret revelou-o como ator/cantor de enormes recursos, que confirmou ao lado de Ivone Silva em “Não Há Nada Para Ninguém”, onde foi distinguido com o Prémio de Melhor Ator do Ano, atribuído pela Casa da Imprensa e Nova Gente. Para além do teatro e da música, o ator participou em variadíssimas atuações na televisão em telenovelas, série e programas.
Na História do Teatro Português, a peça “Look Back in Anger” tem algumas produções histórias. Em 1967, com o título “O Tempo e a Ira”, numa tradução de José Palla e Carmo e encenação de Fernando Gusmão, é levado à cena pelo Teatro Experimental do Porto com Luiz Alberto, José Cruz, Isabel de Castro, Fernanda Alves e David Silva. Depois o Teatro Experimental de Cascais, em 1968, com a mesma tradução, encena pela mão de Artur Ramos e cenografia de Paulo-Guilherme com José de Castro, Lourdes Norberto, Maria do Céu Guerra, Luís Santos e Canto e Castro. Em 1992 é Rui Madeira que a encena na sua Companhia de Teatro de Braga e em 1996 já com o título “Dá Raiva Olhar Para Trás” numa tradução de Gustavo Rubim é Juvenal Garcês que faz a sua encenação no Teatro-Estúdio Mário Viegas com a interpretações de Simão Rubim, Rita Lello, Pedro Tavares, Mafalda Vilhena e Carlos Lacerda.