Atualmente, no hemisfério ocidental, as sociedades humanas estão a viver um período de grandes transformações. Se, em décadas passadas, o ensino e a formação intelectual se estruturavam em torno das humanidades, e o conhecimento das ciências representava um complemento para certo tipo de especialistas, tudo isso foi profundamente alterado nas últimas décadas. Surge uma “crise das humanidades” e está a tornar-se claro que algo muito valioso será perdido se continuarmos neste trilho. Uma sociedade que subvalorize a Literatura, a História, a Filosofia ou as Artes não está, certamente, a caminhar numa direção segura, por mais desenvolvimento tecnológico de que se orgulhe.
Já o Professor Keating disse, na sua ilustre passagem quando se dirige aos seus alunos, que o ser humano não lê poesia porque é bonito. Escrevemo-la e lemo-la porque somos membros da raça humana. E a raça humana está recheada de paixão. Medicina, Direito, Economia e Engenharia são profissões nobres e necessárias para sustentar a vida. Mas poesia, Arte, romance e amor…estas, estas são aquelas pelas quais vivemos.
Tive uma sorte cósmica em esbarrar contra as musas de Homero que me ensinaram como ninguém o que é a Arte. Enquanto as observava num museu, a admirar com um brilho singular nos seus olhos todos aqueles quadros enquanto deambulavam e se sentavam entre exposições, percebi, um pouco melhor, o que é verdadeira paixão. A paixão humana no seu estado mais puro, a felicidade quando se viravam para mim, não diziam nada e, no entanto, eu conseguia escutar tudo. Ensinaram-me que em Arte não é aquilo para onde olhamos que importa, mas sim o que vemos, o que sentimos no âmago do nosso ser quando observamos com tudo o que temos uma obra deixada para a eternidade. Ensinaram-me que a Arte limpa a poeira da alma que se acumula com o passar dos dias. Que o verdadeiro significado de Arte não está em representar a aparência exterior das coisas, mas sim o seu significado interior. Com elas aprendi que poderia descrever todas as sinfonias de Bach através de uma função matemática, mas que isso não faria qualquer sentido. Aprendi que podemos olhar para uma imagem durante uma semana e nunca pensar nela novamente, mas que também podemos observar algo por breves instantes e carregar essa imagem connosco para a vida. A Arte nasce da beleza, do caos, do Amor, do ódio, da tristeza…das coisas que nos fazem humanos. Qualquer tela em branco está recheada. E agora sempre que penso em Arte sorrio.