As legislativas e o “abraço de urso” ao PS

Opinião de Jorge Honório

Os MEDIA: «Durante estes quatro anos vimos pessoas indignadas e furiosas com as medidas que estavam a ser tomadas pelo Governo. Nunca vimos alguém dizer que apoiava essas medidas ou declarar que as achava necessárias.

Independentemente dos resultados destas eleições, estas pessoas existem, elas estão nas sondagens e nas ruas. E, contudo, os jornalistas portugueses não as mostraram senão agora. Viveriam escondidas? Estariam em caves? Teriam feito voto de silêncio? Nunca quiseram dar uma entrevista? Nem sequer um testemunho anónimo?» Helena Matos, in “Observador”, 27/9/2015.

A ABSTENÇÃO tem vindo em crescendo e atingiu a sua maior percentagem de sempre; mais de quatro em cada dez eleitores não acreditam nos políticos e nos partidos, quiçá na democracia.

O CENTRÃO mantém-se em alta pese embora a austeridade, mas com alguma inevitável perda; uma vez mais os votantes apostaram nos partidos do centro, europeístas e euristas, ditos do arco da governação; sete em cada dez votaram PS e PSD/CDS (Nota: caracterizar o PS como um partido de esquerda requer um brutal esforço de abstração e de conceptualização, a que não me proponho).

Quanto aos BOTA ABAIXO, o PCP mantém-se igual a si próprio, ortodoxo e conservador; Marinho Pinto foi uma nuvem passageira; o BE reacendeu (voltou ao score de 2009, nem mais!), abandonou o trotskismo e apresenta-se agora como um movimento da classe média urbana, ideologicamente abstruso na sua busca pela hegemonia de Gramsci, na razão e na mística do populismo de Laclau, com algo de Lenine e muito de Carl Schmitt, uma verdadeira sanguessuga do PS.
A GOVERNABILIDADE, agora ou em novas eleições em abril, será necessariamente assegurada pelo Centrão e pela UE/TROIKA pois ninguém no seu perfeito juízo ficará refém do PCP/BE e da CGTP Intersindical para governar.

POLITICAMENTE brilhante, por maquiavélico, o “abraço de urso” do PCP/BE ao PS, usando e abusando do Ego do camarada Costa, queimando-o e ao PS em lume brando. Enfim, a política à portuguesa no seu melhor!

 

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