Sou particularmente sensível ao tema do associativismo.
Recentemente ouvi um debate radiofónico sobre o(s) seu(s) problema(s) no concelho que me (re)despertou para essa dialéctica. De todos os intervenientes ouvi verdades irrefutáveis mas, também, quase todos, resvalaram “da questão da floresta para o problema da árvore” ao saírem, amiúde, do abstrato para o concreto. Nada de grave dado que, apesar de tudo, se tratou de genuínos contributos para tão importante discussão.
A tão propalada subsídio-dependência das colectividades não podia deixar de ser referida. Este polémico conceito foi lançado e recorrentemente usado, em tempo de vacas magras, pelos mesmos responsáveis políticos que, em tempo de vacas gordas(?), o promoveram até à exaustão. Literalmente. A meu ver trata-se de uma falácia dado que aos ditos responsáveis políticos sempre deu jeito, não só, a grande e diversificada actividade associativa que sempre mitigou a inércia destes nos domínios social, cultural e desportivo, mas também, em diversos aspectos, o apoio dos dirigentes associativos.
Terá havido uso indevido de dinheiro? Algum, certamente, mas a quem competia a verificação da sua boa aplicação? Òbviamente aos responsáveis políticos que o distribuíam!
Na verdade a dependência sempre existiu mas dos políticos em relação ao associativismo e não ao contrário!
Falemos verdade: os subsídios do Município acabaram em 2011 porque acabou o dinheiro e não para acabar com a subsidio-dependência que, desde então, passou a ser alegada. Alguma associação fechou portas na sequência do fim dos subsídios? Não!
Reconheçamos, no entanto, alguma diminuição de actividade. Era inevitável.
A inexistência de recursos financeiros não exime o Município do apoio às diversas associações, apenas obriga a fazê-lo de outras formas. Sobre isso falaremos em crónica futura. Não vai ser fácil verem-se livres de mim!
Crónica publicada na edição de abril do Jornal de Cá.