Cartagua faz transbordar o copo na reunião de Câmara

 

O processo Cartagua voltou a dar que falar na reunião de Câmara do Cartaxo, na segunda-feira, 5 de setembro, desta feita entre o vereador Paulo Varanda, do Movimento Paulo Varanda – Movimento Pelo Cartaxo, e Pedro Ribeiro, presidente da autarquia, com o debate a descer de tom.

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Tudo começou com a entrega aos vereadores de uma proposta apresentada pelo PS em Assembleia Municipal, em 2013, que acabaria por ser chumbada.

“Eu creio que já é altura de chamarmos os bois pelos nomes. Quando o senhor diz que esta proposta foi entregue pelo Partido Socialista, na reunião preparatória da Assembleia que foi organizada pelo Partido Socialista, esta proposta não foi trazida. Esta proposta foi trazida, para surpresa de todos os eleitos, por um membro da Assembleia, eleito pelo Partido Socialista que, por estar mais afeto a uma fação, que é a sua dentro do Partido Socialista, a trouxe para pregar uma rasteira, quer ao executivo anterior, quer aos membros da Assembleia eleitos, também, pelo Partido Socialista, que a prepararam com trabalho, e que servia, nem mais nem menos, como um método de surpresa para lançar um pouco de confusão. Não foi por acaso que o próprio Partido Socialista chumbou a sua própria proposta”, considerou Paulo Varanda.

O vereador aproveitou o ensejo para solicitar que “nos seja presente o relatório da Comissão de Acompanhamento destes três anos que passámos de concessão. Eu tenho estado ausente, por motivos profissionais não tenho podido acompanhar os trabalhos em tempo, só após a leitura das atas, mas não me lembro de ter lido nas mesmas que estes relatórios obrigatórios, tal como as reuniões, que têm uma periodicidade obrigatória, da Comissão de Acompanhamento, não tenho conhecimento que elas tenham sido trazidas aqui”.

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Paulo Varanda recordou, ainda, que o relatório “já está ultimado, já está feito, que as coisas estão estabilizadas, daquilo que tive oportunidade de acompanhar. No entanto, nada foi presente a esta reunião, pois não? Às vezes até pode ser por gestão estratégica e a bem da solução que o senhor presidente esteja a ocultá-lo. Mas o que é facto é que ele, provavelmente, está pronto já há muito tempo”.

O autarca propôs, também, a realização de uma reunião alargada, com os vereadores, a administração da Cartagua e a Comissão de Acompanhamento, acrescentando que, caso a Câmara não a convoque, será o Movimento a fazê-lo.

O presidente do Município, Pedro Ribeiro, quis saber se “o eng.º Paulo Varanda tinha consciência, quando assinou o contrato adicional, e não vou falar no seu calendário político, que assinou-o em ano de eleições, se tinha a consciência que, para o ano seguinte e nos seis anos seguintes, o valor do aumento era de 30 por cento que, em valores cumulativos, dava 34 por cento? Tinha consciência disso?”, ao que Paulo Varanda respondeu afirmativamente. Assim, Pedro Ribeiro salientou que “como é que o senhor tem o descaramento de hoje dizer que tem conhecimento dos 34 por cento? Eu vou-lhe ser sincero, o único fator condescendente que eu podia ter para com a sua posição enquanto presidente da Câmara, e não vou falar em calendários políticos, era o senhor também ter sido enganado. Mas vi que não foi”.

Pedro Ribeiro recordou uma nota de imprensa, em que Paulo Varanda afirmava que o aumento do tarifário seria de 2,1 por cento, ao contrário do aumento que o Bloco de Esquerda, na altura, dizia que seria de 7,6 por cento.

“Isso é tudo uma aldrabice que o senhor está para aí a dizer”, respondeu Paulo Varanda.

“Eu percebo que esteja um pouco desorientado com aquilo que disse e que fez, mas não é por estar aos gritos que vamos perder o foco”, avisou Pedro Ribeiro, que foi mesmo chamado de “descarado” pelo vereador.

O presidente do Município lembrou, também, que “houve uma reunião no Auditório da Quinta das Pratas para onde só alguns, talvez, palavras suas, da sua fação, foram convidados a participar numa reunião com a administração da Cartagua”.

“Isso é outra mentira. Todos os eleitos foram convidados. Eu tenho de o chamar à atenção das mentiras que o senhor está a dizer”, interrompeu Paulo Varanda. “Quem mentiu aos cartaxeiros foi o senhor”, respondeu Pedro Ribeiro, lembrando que o atual executivo promoveu uma reunião de todos os eleitos na Câmara, Assembleia Municipal e Freguesias com a administração da Cartagua e que apenas o Movimento Paulo Varanda não se fez representar, revelando que a Cartagua já não sabia dos cálculos efetuados para encontrar o fator Z.

“Eu não tenho confiança naquilo que o senhor está a dizer”, referiu Paulo Varanda. “Sobre a sua confiança eu nem quero falar, não quero ser mais desagradável”, retorquiu Pedro Ribeiro.

“O senhor é presidente há três anos e ainda não fez nada em relação a esta matéria”, considerou Paulo Varanda.

Esta acalorada discussão terminou por intervenção do vereador Vasco Cunha, do PSD, que referiu que “eu acho que, com alguma sensatez quer do presidente Pedro Ribeiro quer do vereador, hão-de perceber que não acrescentaremos muito mais a esta conversa. Há disponibilidade, por parte do presidente, de marcar um ponto para a próxima ordem de trabalhos, e também por parte do vereador Paulo Varanda e, na próxima reunião, faremos um ponto, seguramente mais descontraído e com mais informação sobre isso”.


 

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