Cartaxeiros entregam donativos em Oliveira do Hospital

Deixamos-lhe aqui o testemunho de Mário Jordão, publicado nas redes sociais

Um grupo de Cartaxeiros uniu esforços e fez-se à estrada, na madrugada do passado sábado, até Oliveira do Hospital para prestar a sua ajuda e solidariedade, com três carros cheios de donativos. Mário Jordão e a mulher, Luísa, receberam no escritório da Via Segura vários bens essenciais, como peças de vestuário e roupas de cama, produtos de higiene pessoal e limpeza, assim como alguma comida para pessoas e animais.

Tudo aconteceu em poucos dias. Foi uma onda de solidariedade que se gerou, depois de uma conversa entre amigos, impressionados com mais esta catástrofe e ainda com os acontecimentos de Pedrogão bem vivos na memória, com vários cartaxeiros a meter mãos à obra para ajudar, diretamente, as vítimas dos últimos incêndios.

Deixamos-lhe aqui o testemunho de Mário Jordão, publicado nas redes sociais.

“Um dia grande e um Grande dia….

À boa maneira Portuguesa partimos com 30 minutos de atraso, mas com uma vontade louca de palmilhar as estradas dos concelhos de Oliveira do Hospital e de fazer uma pequena incursão no concelho de Vila Nova de Poiares.

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Foram cerca de 600 os quilómetros percorridos, entre as 6h30 da manhã e as 10h00 da noite. Fomos confrontados com imagens tenebrosas, um verdadeiro cenário de guerra, que nos deixou completamente arrasados. Locais que outrora em memórias do passado eram verdes e revitalizantes, têm agora uma atmosfera pesada, de tons negros e castanhos, ainda com diversos pontos fumegantes e com um terrível cheiro a queimado. Só vendo é possível ter uma imagem real desta catástrofe. Quilómetro após quilómetro, somos confrontados com floresta ardida, casas e viaturas destruídas e pela tristeza profunda das gentes destas terras.

Conforme tínhamos em mente, estivemos nos locais e visitámos diversas pessoas referenciadas como vítimas destes malvados incêndios. Fomos acompanhados por gentes da zona, como foi o caso de uma assistente social de Vila Nova de Poiares e de amigos, habitantes dos dois concelhos, conhecedoras dos locais, das pessoas e das necessidades. Pedimos referências a pessoas ligadas ao poder local, ao apoio social, associações, etc., etc.

Regressamos com o sentimento de dever cumprido, voltar?… sim certamente, mas num outro modelo.

O nosso contributo foi nobre, mas a sensação final foi de que o resultado foi insignificante perante as necessidades de tanta gente. Esta nossa ajuda pontual foi importante mas só pode ser vista como um complemento. Sozinhos somos uma gota de água no oceano. É essencial que as organizações funcionem, a solução não é agir isoladamente, é exigir a quem elegemos que aja e é integrarmos atividades de voluntariado de forma a estarmos inseridos nas soluções.

Só assim poderá haver mudança, criticar não chega…

Viemos, no entanto, convictos de que a estrutura montada no concelho de Oliveira do Hospital está realmente a funcionar, não encontrámos pessoas sem apoio o que nos deixou profundamente satisfeitos. A interajuda é por demais evidente e, pelo que nos apercebemos, os bens estão a chegar a quem realmente precisa. Esperamos que seja mesmo assim.

Infelizmente para eles o fantasma de Pedrogão Grande continua demasiado presente, os donativos monetários e as iniciativas para angariação de fundos são escassas ou inexistentes. Não podemos generalizar, temos que acreditar e exigir, estas pessoas precisam tanto ou mais do que as de Pedrogão e não podem ser esquecidas…

Obrigado à Cristina Gomes por ter tido esta fantástica ideia, ao Zé Manuel Gomes, à sua filha Maria, que assumiu o comando em Vila Nova de Poiares, à minha mulher Luísa, à Bela e ao Gonçalo, à Tina e ao Tó, à Susana e sua mãe, a todos os que queriam, mas que não lhes foi possível estar connosco, nomeadamente a Luísa Guia e o Rogério Pêgo, a todos os que contribuíram com as suas doações, e à Câmara do Cartaxo que, em cima da hora, e por as doações terem ultrapassado em muito as nossas espectativas, nos disponibilizou uma viatura de maiores dimensões, obrigado Elvira, Dr. Pedro Ribeiro e Carlos Cláudio e a todos os envolvidos nesta nossa odisseia.”

Isuvol
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