O Município do Cartaxo comemorou este domingo, 10 de dezembro, 202 anos de vida.
O dia foi de festa, e começou com a inauguração de placas toponímicas em três ruas da cidade do Cartaxo que, antes, não tinham nome: a Rua Frederico Howell, na Urbanização da Quinta do Vapor, a Rua Dr. José Rebordão, no Valverde, e a Rua Dr. Francisco José Viegas, na Urbanização do Quintalão.
“Este ato, do ponto de vista simbólico, para nós, representa bastante. Penso que estamos a cumprir aquilo que também é a nossa missão, que é fazer perpetuar na História e no tempo aquelas personalidades que foram mais relevantes para a vida do nosso concelho”, começou por salientar Pedro Ribeiro, presidente da Câmara Municipal.
Frederico George Howell, engenheiro civil, foi presidente da Câmara do Cartaxo no princípio do séc. XX. Nascido em Lisboa em 1845, foi um dos técnicos responsáveis pela construção do Aqueduto do Alviela, entre 1871 e 1880. Republicano convicto, não deixou de receber o rei D. Carlos na inauguração da ponte sobre o Tejo, em Porto de Muge. É a Frederico Howell que se deve a construção e inauguração do Hospital da Santa Casa da Misericórdia, a fonte que ainda hoje existe no local e um albergue para os familiares dos doentes.
Frederico Guedes, trineto de Frederico George Howell, salientou que “mais vale tarde do que nunca”, aproveitando para agradecer a todos os envolvidos neste ato, “porque acho que é um ato deveras justo. Temos excelentes historiadores na nossa terra, e eu gostaria que tivesse havido um pouco mais de aprofundamento da história da pessoa em causa, porque de certeza que isso iria complementar muito mais o que ele de bom trouxe à terra”.
José Rebordão foi o segundo nome a ser atribuído a uma rua na tarde fria de 10 de dezembro. Apesar de ter ocupado diversos lugares públicos no concelho, como o de vice-presidente da Câmara Municipal, e de ter sido o último presidente da Câmara do Cartaxo antes do 25 de Abril, José Rebordão notabilizou-se, sobretudo, como médico oftalmologista, tendo consultado gerações de cartaxeiros, e não só. José Rebordão presidiu, ainda, à direção do Grémio da Lavoura do Cartaxo.
“Correndo o risco de parecer um bocadinho petulante, parece-me justo. Na verdade, quando alguém está mais de 50 anos a exercer medicina com entusiasmo e dedicação, parece-me justo”, declarou Madalena Rebordão, filha de José Rebordão.
Francisco José Pereira, farmacêutico e fervoroso republicano, era proprietário de “O Provinciano”, que mais tarde passou a chamar-se “Ribatejo”, que utilizou como poderoso meio de propaganda ideológica. Por isso, respondeu vária vezes em processos de imprensa, tendo chegado a ser condenada a três dias de prisão. Foi eleito presidente da Câmara do cartaxo logo após a Implantação da República, deputado à Assembleia Constituinte e à Câmara dos deputados e Senador. Foi diretor-geral interino da Secretaria do Congresso da República entre 1920 e 1926.
Bisneta, trineta e tetraneta marcaram presença nesta cerimónia. A bisneta agradeceu “por estar no Cartaxo, hoje, e saber que o meu bisavô ficará, para sempre, lembrado aqui. Partir há muitos anos, em 38, e é extraordinário ter aqui a presença dele numa rua do Cartaxo”.