Por Vítor Teixeira Santos
O conhecido “Fandango do Cartaxo”, cantado e eternizado pelo grande artista e tenor Luís Piçarra, colocou então o Cartaxo no mapa do País. A cantiga dava-lhe o coração do Ribatejo e o Cartaxo vivia tempos áureos. O que aconteceu agora? Veio a Chamusca e levou-nos o coração do Ribatejo (foto retirada do site da C.M. Chamusca, com a devida vénia).
Mais recentemente (anos 80), o Cartaxo teve o primeiro restaurante de Torricado e com sucesso (entretanto fechado), e o Cartaxo vivia, então, tempos dourados. O que aconteceu agora? Veio a Azambuja e retira-nos o Torricado (fotos retiradas do site da C.M. Azambuja, com a devida vénia).
A frase “…vou para as termas, vou para o Cartaxo…”, imortalizada pelo célebre ator António Silva, no eterno filme português “O Páteo das Cantigas”, também colocou o Cartaxo no mapa e, vai daí, mais tarde, o Cartaxo, em boa hora, elegeu-se como “Capital do Vinho”.
Cuidado, Aveiras de Cima quer levar-nos a Festa do Vinho (ver fotos).
Do Tejo já pouco nos resta, sim, porque Vila Franca de Xira e Salvaterra de Magos já nos levaram as enguias e o sável (ver fotos), e os espanhóis já desviam as suas águas e um dia….
Finalmente, recentemente a corrida de toiros do 1º de Maio, uma tradição com muitos anos no Cartaxo (não me recordo há quantos anos), por ocasião da Festa do Vinho.
Vem Almeirim e anuncia, para a mesma data, a reinauguração da sua restaurada Praça de Toiros (ver fotos), numa clara intenção de anular a tradição no Cartaxo.
O que aconteceu? O Cartaxo, os aficionados do Cartaxo e os cartaxeiros, em geral, responderam afirmativamente e acorreram em força à sua Praça de Toiros. Contribuiu para isso, naturalmente, a boa publicidade da empresa concessionária e trabalho de quem conseguiu envolver toda a comunidade.
Quando se pensava que estava tudo no fim e não havia nada a fazer, o Cartaxo não estava morto, estava apenas adormecido e a aguardar um estímulo.
Que mais será necessário para que os nossos “decisores políticos” reparem nas ruas cheias de gente, janelas e montras engalanadas, quando os campinos e cavaleiros desfilam e a Praça de Toiros da sua Terra cheia das suas gentes, a apontar claramente que o rumo é este para alavancar a nossa Terra?
Podem-nos levar, desviar tudo, mas não nos podem “roubar” o que é comum na cultura Ribatejana, a história, a identidade e os seus costumes, e terá que se continuar este caminho para contrariar essa tendência que passará, em minha opinião, em apostar forte numa Festa do Vinho e do Ribatejo com visibilidade, que teria a vantagem de se antecipar às outras festas no Ribatejo e seria, portanto, a 1ª Festa no calendário realizada no Ribatejo, com o dia do toiro, dia do cavalo, dia do vinho, do Campino…com condução de jogos de cabrestos, cavalhadas, largadas e picarias à vara larga, entradas de toiros, demonstração de toureio e de pegas, etc…, a culminar com um mega Torricado.
Isso sim, é o nosso Ribatejo e a notoriedade e o coração continuará a ter o brasão do Cartaxo.
Estória
Após avistarem ao longe as velas das caravelas dos Ingleses a aproximarem-se da costa do continente americano, os chefes índios reuniram com os feiticeiros e questionaram o que seriam aquelas “coisas” que avistavam ao longe no Oceano. Os feiticeiros desvalorizaram aquelas visões, e mais tarde todos sabemos o que aconteceu aos índios Americanos.
PS: Para os mais distraídos, as fotos destinam-se a ilustrar e fundamentar as afirmações aqui produzidas.