Club União Cartaxense

Memórias do Cartaxo por Telmo Monteiro
Em meados do século XIX surgiram no Cartaxo diversas sociedades culturais e recreativas, nas quais se reuniam e socializavam determinadas camadas da população de acordo com as suas profissões e posses. Assim, foram criados o Grémio Artístico Cartaxense e a Sociedade Filarmónica Cartaxense, frequentados principalmente por comerciantes e artífices e o Club União Cartaxense, onde se reunia a elite da sociedade.

De acordo com o Escudo Comemorativo, da autoria de Joaquim Calixto da Silva Guedes para as Festas do Trabalho de 1903, o Club União Cartaxense foi fundado pelo médico José Daniel Pereira, António Ferreira de Lemos, Mathias Rodrigues, João António Gomes da Silva e António Moreira, provavelmente na década de 1850.

Funcionando na Rua da Carreira (atual Batalhoz), mais precisamente no palacete ainda existente no início da rua e que fora pertença do Comendador Dâmaso de Sousa Xavier e de José dos Prazeres Batalhoz, dispunha de um salão de baile, onde se realizavam concertos e soirées, salas de jogo, sala de bilhar, cozinha, buffet, uma pequena biblioteca e um gabinete de leitura onde não faltavam os principais jornais.

Regista-se ainda, de acordo com as plantas arquitetónicas destinadas a uma remodelação do edifício, a existência de duas curiosas divisões: um “gabinete para senhoras” e uma “sala de fumo” o que ilustra bem a dinâmica social da época, o sexo feminino, sempre colocado em segundo plano, tinha o “direito” a reunir (confinar) num cantinho próprio do edifício destinado a elas, já os homens, tinham todo o restante espaço para eles, incluindo uma divisão própria para se reunirem a fumar.

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Ao contrário do Grémio (Ateneu) Artístico Cartaxense e da Sociedade Artística Cartaxense, o Club União Cartaxense não resistiu à evolução, tendo terminado provavelmente durante a década de 1920.

A sua existência, no entanto, acompanhou um período de enorme evolução da vila, sendo a mesma testemunho do quanto a sociedade do Cartaxo se encontrava em desenvolvimento e a modernizar-se.

Escudo Comemorativo: Autoria de Joaquim Calixto da Silva Guedes/ Firmo Durão de Sá. Escudo cedido para digitalização pelo Ateneu Artístico Cartaxense

Plantas arquitetónicas de Júlio Augusto Marques, cedidas para digitalização por Maria Eulália Marques

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