Por Hugo Vieira*
Chegámos a dezembro e por esta altura o nosso leitor já deverá ter acabado de apanhar a azeitona. Se não acabou ainda é bom sinal também, é sinal de boa safra. Este ano a campanha da azeitona aparentou ser de boa quantidade e qualidade e boa percentagem de extração.
E como no campo não se para, está na altura de fazer aquelas sementeiras de inverno. Uma consociação aveia/ ervilhaca, o trigo ou o faval, ou também uma bela ervilha. Já vai tarde para as couves de Natal, mas também se comem couves em janeiro. E porque não experimentar a semear um enrelvamento permanente na vinha? Modernices dirão alguns. Ou “isso não se dá aqui” dirão outros. Mas, se puder, experimente.
Mais que as sementeiras, há que começar a preparar a vinha porque a próxima vindima começa já agora! Chegámos à altura das podas.
Ema explicação sobre a poda da vinha. Há que perceber que a vinha é uma planta com tendência de crescimento apical, ou seja, se nada for feito a tendência natural da videira é ir crescendo sempre para as pontas mais distantes do ramo principal. Para ser possível o cultivo da vinha, e a sua mecanização, a mesma tem de ser podada deixando um ou dois ramos principais e em cada um deles alguns talões ou varas. Um talão é um pequeno lançamento com entre 2 a 4 “olhos”, enquanto que uma vara é um lançamento maior com vários “olhos”. A escolha por talões ou varas é condicionadapela casta, visto que há castas que produzem mais a vara, como a Trincadeira ou o Alvarinho, e outras cuja diferença entre um ou outro método de poda é relativamente indiferente como o Fernão Pires ou o Aragonês (sendo que tendencialmente a vara produzirá sempre ligeiramente mais pela tendência apical da videira, no entanto também envolve mais trabalho posterior com a empa).
A poda é atualmente das operações que continua a necessitar de mais mão-de-obra na vinha (e não só, também em árvores fruteiras) e atualmente já existem métodos para reduzir o esforço e horas de poda. Uma delas é começar por realizar uma pré-poda em que uma máquina corta a maior parte dos ramos facilitando a poda final, visto que deixam de haver ramificações “enroladas” nos arames. Obviamente que são equipamentos caros, mas pode recorrer a prestadores de serviço para este efeito, os quais felizmente temos no nosso concelho. A outra forma de economizar horas, pessoas e esforço é utilizar tesouras elétricas. Se há uns anos era algo com um custo muito elevado só ao alcance de poucos, hoje em dia já se encontram opções mais económicas que pouparão valiosas horas de trabalho.Estimando, enquanto que uma poda “tradicional” sem passar a pré-podadora e com tesouras manuais pode demorar até 12 jornas/ ha, uma vinha passada com a pré-podadora e com pessoal com tesouras elétricas pode demorar apenas 4 jornas/ ha a terminar. Dá que pensar no custo/ benefício, até mesmo para as vinhas mais pequenas.
Por fim e noutro tema. Foi anunciado recentemente que irão abrir novos anúncios relativos aos apoios ao investimento nas explorações agrícolas através do PDR-2020. Desde regadio, a melhoria ou instalação da produção agrícola, painéis solares, instalações para eliminação dos excedentes de fitofármacos e águas de lavagem, entre outros. Irão abrir entre a presente data e o final de março de 2022. Se necessita de melhorar a sua capacidade produtiva de alguma forma, fique atento ou contacte o nosso jornal para mais informações.
*Hugo Vieira é consultor agroalimentar. Artigo publicado na edição de dezembro do Jornal de Cá.