Comemorações do Bicentenário fecharam com chave de ouro

 

Encerraram no sábado as comemorações dos 200 Anos de Concelho do Cartaxo, numa cerimónia que contou, também, com a atribuição de Medalhas de Mérito Municipal e com uma Homenagem Nacional a Marco Chagas.

A cerimónia de encerramento teve lugar no Centro Cultural do Cartaxo que encheu para assistir ao encerramento destas comemorações, cuja sessão solene foi presidida pelo Secretário de Estado do Desenvolvimento e da Coesão, Nelson de Souza.

A cerimónia abriu com Miguel Leal, presidente da Comissão organizadora das comemorações dos 200 anos, que referiu que “o tempo passa veloz. Há um ano encontrávamo-nos nesta mesma sala para dar início às comemorações do Bicentenário do concelho do Cartaxo, e neste dia homenageávamos merecidamente o Dr. Renato Campos”.

 

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Miguel Leal lembrou, igualmente, as muitas atividades realizadas no âmbito das comemorações, como exposições, homenagens, espetáculos, edição de livros, o Bosque dos 200 Anos, entre muitas outras, e que “ultrapassaram, e muito, o número de 30 as ações e eventos realizados”. “Algumas atividades, creio, terão continuidade no próximo ano, como sejam o concurso de curtas-metragens por telemóvel ou a reabertura do Salão das Artes e do Jardim das Letras, a minha menina dos olhos, que infelizmente não foi possível pôr em prática”, acrescentou.

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A terminar, Miguel Leal quis deixar “uma nota de esperança para o futuro. Nesse futuro, que é sempre uma incógnita, o Cartaxo vai renascendo e se consiga afirmar num Ribatejo que tem vindo a ficar para trás, se desenvolva, que os seus cidadãos se tornem cada vez mais cultos, instruídos, educados e exigentes. Que no passar do testemunho de geração em geração, os nossos sucessores possam olhar para trás com reconhecimento e admiração, e sintam que não desbaratámos oportunidades e que fizemos, como geração, o que nos competia”.

O presidente da Assembleia Municipal do Cartaxo, Gentil Duarte, lembrou que o concelho do Cartaxo foi criado há 201 anos, por alvará de D. João VI, “mercê da importância e notoriedade económica, social e política da nossa terra, e pelo empenho de muitos cartaxeiros, pudemos ascender à comunidade dos municípios portugueses. Como disse há um ano, esses cidadãos encarnaram aquilo que deve ser o espírito de cidadania, de dedicação pelo desenvolvimento da sua terra, de luta pelas suas convicções, que deve estar presente em todos os membros de uma comunidade e, em especial, aqueles que, como nós, autarcas, foram eleitos para representar os cidadãos e os seus interesses e objetivos”.

O presidente do Município, Pedro Ribeiro, aproveitou a ocasião para agradecer ao Secretário de Estado “pelo trabalho que tem efetuado, principalmente os esforços que tem feito para acelerar o início da execução dos fundos comunitários que estão à disposição das autarquias locais”, no caso do Cartaxo, de cinco milhões de euros já conquistados.

No que respeita ao encerramento das comemorações, Pedro Ribeiro destacou o importante papel desempenhado por todos os homenageados nesta noite, desejando que “em breve, Pontével possa ter um Museu que a preservação dos seus troféus merece”, juntando a humildade do agora ex-ciclista aos outros dois homenageados, que “julgo que são características que só estão ao alcance dos grandes, e julgo que é este o fio condutor do homenageado desta noite com os nossos conterrâneos que hoje foram agraciados com a Medalha de Mérito Municipal. Edmundo Calisto e Mário Júlio Reis são também tudo isso. Toda essa grandeza de vidas construídas e sempre vividas ao serviço dos outros”.

A terminar, o autarca não quis deixar de reconhecer o trabalho feito pela comissão das comemorações. Segundo disse, “as comemorações que hoje encerramos cumpriram todos os seus principais objectivos. Com poucos recursos, porque não vivemos tempos de abundância, a programação desenvolvida soube valorizar e estimular o conhecimento da nossa história, soube contribuir para a salvaguarda do património que herdámos e, acima de tudo, soube cumprir o dever de memória coletiva perante as gerações que nos antecederam, mas também no testemunho a dar às vindouras”.

O Secretário de Estado do Desenvolvimento e da Coesão, Nelson de Souza, referiu que “é com muito gosto que represento o Governo no encerramento destas comemorações do Bicentenário do Município do Cartaxo”.

Pelo palco do Centro Cultural do Cartaxo passaram momentos de entretenimento, como as vencedoras do concurso A Escola tem Talento com dança contemporânea, a abrir a noite, o Coro Cosme Delgado, criado no âmbito destas comemorações, o tenor Samuel Vieira e o Coro do Agrupamento Marcelino Mesquita, que apresentou o musical Cartaxo com História.

 

Homenagens

À Homenagem Nacional a Marco Chagas associou-se a Federação Portuguesa de Ciclismo. Delmino Pereira, presidente desta Federação, realçou a importância do concelho do Cartaxo no panorama do ciclismo português e destacou a importância de Marco Chagas enquanto ciclista, diretor desportivo e comentador, “e é aqui que eu acho que ele se notabilizou como uma das grandes figuras no nosso ciclismo”.

Esta homenagem foi proposta pelo vereador do PSD na Câmara do Cartaxo, Vasco Cunha, que aproveitou para destacar as qualidades humanas de Marco Chagas, “que normalmente anda com um sorriso, anda bem-disposto. Nunca o vi de mal com a vida e se há alguma coisa, seguramente, que nós podemos reconhecer no Marco Chagas muito facilmente é esta afabilidade, este olhar simples de um homem modesto, que transporta atrás de si muito daquilo que é o ciclismo português”.

Vasco Cunha aproveitou, também, para desejar que “não tenhamos de esperar dez anos para que o espólio que o Marco Chagas foi acumulando ao longo de toda a sua carreira fique fechado num sítio qualquer e que não esteja disponível para ser visto por todos aqueles que estão nesta sala e todos aqueles anónimos lá fora”.

Marco Chagas disse estar “emocionado, por mais uma vez o concelho do Cartaxo se ter lembrado de mim” e confessou esperar que “daqui a 50 anos, quando for aberta a tal cápsula do tempo, onde eu coloquei umas peças minhas, as pessoas se recordem que, no concelho do Cartaxo, mais propriamente em Pontével, nasceu um tipo que até tinha jeito para isto, ganhou umas coisas, mas que as pessoas reconheceram ao longo dos anos. Eu não tenho dúvidas nenhumas que o concelho do Cartaxo me tem reconhecido, basta que eu ande na rua e que as pessoas gostem de mim e eu já me sinto sempre recompensado com o que foi a minha vida”.

As Medalhas de Mérito Municipal foram atribuídas a Edmundo Calisto, a título póstumo, e a Mário Júlio Reis.

Paulo Calisto, que recebeu a medalha atribuída a seu pai, agradeceu, em nome da família, “o reconhecimento público ao meu pai, pelo trabalho desenvolvido ao longo da vida em prol do associativismo do nosso concelho”.

Mário Júlio Reis é professor primário. Ajudou a fundar o Grupo 72 dos Escoteiros de Portugal, é ator, foi membro fundador da Associação dos Amigos dos Bombeiros do Cartaxo, da EcoCartaxo, da Associação Cultural Mosaico e da Associação Mãos à Obra, integrou a CPCJ do Cartaxo, colaborou na implantação de programas de prevenção de toxicodependências. Foi vereador eleito pela CDU na Câmara Municipal entre 2005 e 2013.

Na hora de agradecer a distinção, Mário Júlio Reis confessou que não queria receber esta medalha, realçando o tempo que os voluntários de causas em prol da comunidade ‘roubam’ às famílias, às quais também agradeceu. O homenageado destacou, ainda, que nada está acabado, terminando o seu discurso com as palavras de Miguel Torga:

“Recomeça….
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…”

 

 

Isuvol
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