Em Portugal, segundo os dados disponíveis na Pordata, há 1.357.657 PME registadas em Portugal, que representam 99,9% do tecido empresarial nacional, destas, 96% são microempresas, 3,3% pequenas empresas e apenas 0,6% são médias.
Apesar de serem responsáveis pela maior parte do emprego gerado, continuam a ser negligenciadas pelas políticas de desenvolvimento económico e sobrecarregadas com elevados impostos e custos de contexto.
Enquadramento nos Fundos Comunitários
Tendo em consideração que, recentemente, entrou em vigor o novo Quadro Comunitário Portugal 2030 para além do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), em teoria, não deveriam faltar recursos financeiros para que estas empresas possam competir num mercado global cada vez mais exigente. Por outro lado, na prática, isto nem sempre se verifica por variados motivos, como por exemplo o excesso de burocracia e complexidade subjacente à elaboração das candidaturas a este tipo de incentivos financeiros, morosidade na análise e tomada de decisão sobre a aprovação das mesmas e ainda a existência de condições de elegibilidade muitas vezes desajustadas à sua realidade económica e financeira.
Neste seguimento, verifica-se que, um dos principais obstáculos consiste na existência de uma estrutura de capitais próprios pouco robusta, por parte deste tipo de empresas, que não rara vezes impede que apresentem a autonomia financeira necessária para se poderem candidatar a este tipo de incentivos financeiros. Por outro lado, também, muitas vezes a ausência de inovação e diferenciação nos produtos e serviços oferecidos, torna-se um fator condicionante na obtenção deste tipo de financiamento.
Como capitalizar uma PME?
Para além das empresas poderem capitalizar-se por via dos sócios ou acionistas, também, existem outras formas alternativas e menos exploradas, como por exemplo o recurso ao capital de risco. Esta consiste numa modalidade de obtenção de fundos que, embora, ainda não seja muito usual no nosso país, pode representar uma alternativa às fontes de financiamento tradicionais que as pequenas e médias empresas habitualmente recorrem com um custo elevado ou sem sucesso.
Esta fonte de financiamento alternativa acaba por proporcionar, às empresas visadas, meios financeiros estáveis para que estas se desenvolvam, passando a ter um balanço suficientemente robusto que facilite a aprovação de candidaturas a incentivos financeiros comunitários que, por sua vez, vão permitir alavancar os investimentos previstos. Neste sentido, o Banco Português de Fomento (BPF) criou um fundo específico destinado à capitalização das pequenas e médias empresas, dotado com 500 milhões de euros que será gerido por 14 sociedades de capital de risco.
Como tornar uma PME inovadora?
Este tema é demasiado amplo e complexo para ser abordado em dois parágrafos, no entanto, a mensagem que gostaria de transmitir neste artigo de opinião, é que a inovação não é uma coisa apenas ao alcance de grandes empresas ou somente daquelas que operam em setores que incorporam tecnologia avançada.
Neste sentido, o primeiro passo será as micro, pequenas e médias empresas assumirem a boa prática de investirem no desenvolvimento de um business plan antes da elaboração de qualquer tipo de candidatura a incentivos financeiros ou outras fontes de financiamento, que permita refletir sobre diversos aspetos operacionais, estratégicos, económicos e financeiros e criar modelos de negócio mais sustentáveis e inovadores.
Para as PME do concelho do Cartaxo
Presentemente encontra-se a decorrer a 4ª fase das candidaturas ao programa Inovação Produtiva do Portugal 2030, que tem como objetivo fomentar a criação, desenvolvimento e implementação de novos produtos, processos e serviços por parte das PME, considerando um investimento mínimo elegível por projeto de €250.000 e um montante máximo de €25.000.000.