Resultante de maus hábitos alimentares e sedentarismo ou de uma predisposição genética, a diabetes é uma doença crónica com grande expansão em todo o mundo e que pode trazer complicações de saúde graves e irreversíveis
A diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento anormal dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos. À quantidade de glicose no sangue chama-se glicemia e quando esta aumenta diz-se que o doente está com hiperglicemia. Em Portugal, segundo números relativos a 2013, a doença foi diagnosticada a cerca de 6,3 por cento das mulheres e em 8,5 por cento dos homens, estimando-se que existam ainda mais 4,4 por cento das mulheres e 7,1 por cento dos homens com diabetes não diagnosticada.
Mas existe mais de um tipo de diabetes. A diabetes tipo 2, a mais frequente, resulta de uma resistência das células do organismo à ação da insulina, produzida pelo pâncreas, que se vê, assim, obrigado a trabalhar cada vez mais, até que a insulina produzida se torna insuficiente, tendo o organismo cada vez mais dificuldade em absorver o açúcar proveniente dos alimentos.
Este tipo de diabetes surge, normalmente, em adultos, e o seu tratamento, na maioria dos casos, baseia-se num regime alimentar mais cuidado, bem como numa actividade física regular, de maneira a normalizar os níveis de açúcar no sangue. Neste caso, os doentes não são insulino-dependentes, a não ser que não se consiga controlar a doença somente através da dieta e actividade física regular, sendo então necessário recorrer a medicação específica e, em certos casos, ao uso da insulina. Esta é a sexta causa de morte, diminui a esperança média de vida em cinco a dez anos, aumenta duas a quatro vezes o risco de doenças cardiovasculares e é a primeira causa de insuficiência renal, de novos casos de cegueira e de amputações não traumáticas dos membros inferiores.
Já no caso da diabetes tipo 1, cujos doentes são insulino-dependentes, o problema está na incapacidade do pâncreas em produzir insulina em quantidade suficiente ou em qualidade eficiente ou ambas as situações, e não está diretamente relacionada, como no caso da diabetes tipo 2, com hábitos de vida ou de alimentação errados, mas sim com a manifesta falta de insulina. Assim sendo, porque as células do organismo não conseguem absorver do sangue o açúcar necessário, os doentes necessitam de uma terapêutica com insulina para toda a vida, bem como de um acompanhamento médico permanente. Este tipo de diabetes é mais raro e, contrariamente à diabetes tipo 2, surge com maior frequência em crianças e jovens, embora possa também aparecer em adultos.
Existe ainda a diabetes gestacional, que surge durante a gravidez e desaparece, habitualmente, após o período de gestação. Neste caso, é fundamental que as grávidas diabéticas tomem medidas de precaução para evitar que a diabetes do tipo 2 se instale mais tarde no seu organismo, ou seja, depois de detetada a hiperglicemia esta deve ser corrigida com a adoção duma dieta apropriada e acompanhada por um médico que, no caso de não ver bons resultados, deverá recorrer ao uso da insulina, para que a gravidez decorra sem problemas para a mãe e para o bebé. De acordo com as autoridades de saúde, uma em cada 20 grávidas pode sofrer desta forma de diabetes.
A diabetes é uma doença em crescimento, que atinge cada vez mais pessoas em todo o mundo e em idades mais jovens, havendo grupos de risco com fortes probabilidades de se tornarem diabéticos. São elas pessoas com familiares diretos com diabetes, homens e mulheres com problemas de obesidade, tensão arterial alta ou níveis elevados de colesterol no sangue, mulheres que contraíram a diabetes gestacional, crianças com peso igual ou superior a quatro quilogramas à nascença e doentes com problemas no pâncreas ou com doenças endócrinas.
Os sintomas da diabetes nas crianças e nos jovens são muito nítidos, mas nos adultos não se manifestam de forma tão clara, sobretudo no início, podendo passar despercebida durante alguns anos. Os sintomas surgem com maior intensidade quando a glicemia está muito elevada. Nestes casos, podem já existir complicações (na visão, por exemplo) quando se deteta a doença.
Prevenir a diabetes
Deverá haver um controlo rigoroso da glicemia, da tensão arterial e dos lípidos, assim como vigiar os órgãos mais sensíveis, como a retina, rim, coração, nervos periféricos, entre outros. É ainda essencial manter bons hábitos alimentares, assim como praticar exercício físico regular, não fumar e cuidar da higiene e vigilância dos pés.
Sintomas típicos da diabetes
Nos adultos, a diabetes é, geralmente, do tipo 2 e manifesta-se através dos seguintes sintomas:
Urinar em grande quantidade e muitas mais vezes, especialmente durante a noite; sede constante e intensa; fome constante e difícil de saciar; fadiga; comichão (prurido) no corpo, designadamente nos órgãos genitais; e visão turva.
Nas crianças e jovens, a diabetes é quase sempre do tipo 1 e aparece de maneira súbita, sendo os sintomas muito nítidos, entre os quais: urinar muito, podendo voltar a urinar na cama; ter muita sede; emagrecer rapidamente; grande fadiga, associada a dores musculares intensas; comer muito sem nada aproveitar; dores de cabeça, náuseas e vómitos.