Largas dezenas de pessoas assistiram este domingo a mais um tradicional Cortejo das Vindimas, em Vila Chã de Ourique, este ano organizado pela ACAS.
Mais de vinte viaturas decoradas percorreram as ruas da vila, no passado domingo, 8 de outubro, e passaram pelo largo do monumento alusivo à Batalha de Ourique, onde se realiza a Bênção do Vinho, com a participação de dezenas de pessoas da terra, trajadas a rigor, evocando a importância das tradições vitivinícolas e do mundo rural na vida cultural, social e económica de Vila Chã de Ourique.
Cada viatura que ali passa representa cada um dos trabalhos da vinha e do vinho, que vão sendo descritos e demonstrados pelas gentes da terra, que todos os nos se envolvem neste dia de festa tradicional. Maria da Conceição Nogueira, presidente da ACAS – Associação Comunitária de Assistência Social de Vila Chã de Ourique, instituição responsável pela organização do tradicional Cortejo das Vindimas deste ano, apresentou cada uma das viaturas no cortejo, reavivando memórias das vivências mais antigas da freguesia relacionadas com o trabalho no campo, nomeadamente no que diz respeito à produção da vinha e do vinho.
Largas dezenas de pessoas assistiam ao cortejo, debaixo de um sol abrasador, enquanto aplaudiam e interagiam com quem dava alma às viaturas e a quem, a pé, recriava as marchas do Casal da Velha e das Camarinhas, com toda a alegria e boa disposição das muitas mulheres que antigamente seguiam dançando e cantando a caminho do trabalho, assim como nos momentos de festa, como a adiafa que marcava o fim das vindimas e também neste cortejo é lembrada. As viaturas, logo a começar com o carro da Câmara Municipal do Cartaxo transportando os candidatos a Rei e Rainha das Vindimas 2017, como é tradição representam através das gentes devidamente trajadas e dos utensílios de trabalho as muitas fases do amanho da vinha, como as podas, as mondas, as vindimas e, naturalmente, da feitura do vinho, como a pisa das uvas, por exemplo, sem esquecer outras profissões a ela ligadas, como o tanoeiro e o latoeiro.
E até a taverna vem representada no cortejo pela sua importância no quotidiano dos ouriquenses (transportando o presidente da Câmara do Cartaxo, Pedro Ribeiro, e o presidente da Junta de Vila Chã de Ourique, Vasco de Sousa Casimiro, ambos trajados a rigor), acima de tudo em tempos idos quando estes lugares eram ponto de encontro entre os homens, que ali se encontravam para beber um copo e conviver depois de mais um dia de trabalho. Trabalho duro para o qual a maioria dos homens se deslocava de bicicleta e também esses momentos são aqui representados no cortejo, com as pasteleiras em destaque, transportando também vários utensílios de trabalho para o campo, sem esquecer a buxa levada num saco de pano.
Quase o cortejo a terminar e eis que surge a grande máquina que veio resolver a falta de mão de obra sentida, nos últimos tempos, em altura das vindimas. A máquina de vindimar, que proporciona um trabalho mais rápido e mais económico, ali mostrou as suas capacidades, imponente com os movimentos dos seus grandes ‘braços’ mecânicos, pena foi, tal como referiu Conceição Nogueira, que não houvesse ali uma vinha para que a pudéssemos ver a operar de verdade. Serviu para mostrar a evolução dos tempos e que Vila Chã de Ourique, tal como quer manter vivas as tradições, acompanha essa mesma evolução.
Na véspera, 7 de outubro, a festa já havia começado em Vila Chã de Ourique com o Almoço na Vinha, no Recinto da Festa, com torricado, sardinha assada, bacalhau na brasa e o toucinho a derreter no pão, e a Caminhada das Vindimas que, ao final da tarde, juntou os convivas para um momento de exercício físico, em modo de passeio pela vila.
Terminaram as vindimas e, mais uma vez, desta feita pela mão da ACAS, se festejou o momento, com o envolvimento da comunidade.