Ultimamente muito se tem falado, em jornais e televisões, sobre cuidados paliativos. Mas será que o grande público entendeu os seus princípios?
Com esse propósito pensámos em publicar este artigo por forma a minorar algumas dúvidas existentes.
Criados em 1967 pela enfermeira inglesa Cicely Sauders, (posteriormente médica e assistente social), estes cuidados visam atenuar o sofrimento físico, psicológico, espiritual, familiar, social e económico dos indivíduos portadores de doença grave e evolutiva, em fase avançada e de prognóstico muito reservado.
Aplicados quando a medicina curativa esgota as suas possibilidades de tratamento, direcionam-se quase por completo para o doente e família e não para a doença, promovendo assim a não exacerbação terapêutica, muitas vezes aplicada sem resultados práticos, onde a relação custo/benefício não justifica a sua aplicação, visto não acrescentar nada de útil ao doente.
Apresentam-se quatro princípios cardinais (Robert Twycross) que sustentam os cuidados paliativos: Respeito pela autonomia do doente (escolhas do doente); Fazer o bem; Minimizar o mal; Justiça (uso criterioso dos recursos disponíveis). Um dos princípios defendidos consiste na máxima de: “Não dar tempo ao tempo mas sim, dar qualidade ao tempo”.
Entenda-se por qualidade de vida aquilo que a pessoa considera como tal.
Os cuidados paliativos são prestados por uma equipa multidisciplinar, que não se limita ao doente, mas vai mais longe. Também não se fica pela prestação de cuidados de higiene e conforto ao utente, indo ao encontro de pequenas necessidades que, por nós, são por vezes subvalorizadas mas extremamente importantes para o utente dependente e familiares que gravitam à sua volta. É sabido o quanto um indivíduo doente e acamado transtorna o normal percurso familiar no dia a dia. Com este tipo de cuidados, e tendo como principal objectivo, a promoção da qualidade de vida ao utente, temos também de pensar na família, tendo para isso sido estudado que os cuidados paliativos não devem cessar aquando da finitude do utente, mas devem também acompanhar no luto, a família no ponto de vista psicossocial.