Comemoramos este 25 de abril os 48 anos da revolução dos cravos. Este é um ano que assinala o momento em que o regime democrático vigente superou em anos de vida a ditadura que o precedeu. Isto, num ano em que voltou a eclodir uma guerra na Europa, como não víamos há muitas décadas.
O dia da Liberdade não ficou assim conhecido por acaso. A revolução que este mês celebramos foi um virar de página há muito esperado por um todo um país que queria libertar-se das amarras que o impediam de progredir. E a democracia veio trazer-nos isso mesmo. Liberdade para sermos quem somos e apontarmos para onde queremos ir. Desde 1974, foram muitos os avanços sociais, tecnológicos e económicos que conquistámos.
Desde a construção de estradas e outras infraestruturas fundamentais para garantir a coesão do nosso território. Até à criação do Sistema Nacional de Saúde, que continua a ser até aos dias de hoje um importantíssimo compromisso coletivo e cívico na defesa e proteção da vida de todos. Passando pelo investimento numa educação pública de qualidade até ao ensino superior, capaz de se afirmar como o principal elevador social do país. E passando também pela integração europeia, pela proteção dos direitos humanos e das mulheres, entre muitos mais.
De tudo aquilo que a democracia nos deu, há um elemento devastador que não consta dessa lista: a guerra. Na verdade, o 25 de abril veio até acabar com a guerra do Ultramar. A democracia afirma-se nacional e internacionalmente com base na diplomacia, na troca de ideias e, acima de tudo, no respeito pelo direito à soberania de cada pessoa, entidade ou país. Não é por isso surpreendente que uma Europa democrática tenha estado tantas décadas livre da guerra. E não é também surpreendente que essa paz tenha sido posta em suspenso por um regime autoritário, que pretende subjugar as nações vizinhas à sua vontade com base na força das suas armas e governar os seus cidadãos com base na força do medo.
A minha maior solidariedade com todos aqueles que, como os nossos amigos ucranianos e protestantes russos, não se deixam deter pela soberba de Putin. E que todos os dias lutam pela liberdade, lutam pela sua soberania e lutam pela paz entre todos os povos, mesmo que para isso tenham que colocar a sua vida em risco.
Toda esta situação no ano em que a democracia em Portugal superou o número de anos de vida da ditadura, vem apenas mostrar-nos que nunca devemos tomar a liberdade por garantida. E que a sua defesa e valorização são um trabalho diário e contínuo sem fim.