Já escrevemos que o desenvolvimento dos municípios não constitui um processo linear e exclusivo de cada um, como por vezes parece acontecer quando lemos propostas, sobretudo eleitorais, em alguns deles. É evidente que o desenvolvimento de cada concelho passa, fundamentalmente, pelo desenvolvimento da região onde pertence, sendo para isso fundamental a existência de projetos intermunicipais que a dinamize no seu todo. E os municípios da região de Santarém não fogem a essa dinâmica inter-regional.
Neste caso, face há por demais evidente crise recessiva em que se encontra a região, será prioritário e inadiável a implementação de projetos estruturantes de âmbito intermunicipal que consubstancie uma estratégia de desenvolvimento integrado que desperte a região da sua letargia. Claro que o território do Vale do Tejo não é homogéneo, apresentando opções diferenciadas consoante os seus vinte e um municípios. Neste contexto pode-se considerar, grosso modo, 5 zonas territoriais com alguma identidade própria e que se poderão assumir como potenciais polos de desenvolvimento regional.
Num primeiro grupo poderá considerar-se Cartaxo, Azambuja, Rio Maior, Santarém, Alpiarça e Almeirim, formando um potencial “Agro-Polo” por excelência com vocação para o agro industrial. Um segundo grupo integrará Benavente, Salvaterra de Magos e Coruche. Os seus condicionalismos geomorfológicos, e a sua localização na periferia da Área M. de Lisboa, fazem do território, para além das potencialidades agro pecuárias, uma zona vocacionada para a desconcentração económica e residencial da Grande Lisboa.
Os concelhos de Chamusca e Golegã, formarão uma superfície caracterizada pela boa qualidade de grande parte dos seus solos, conferindo a este polo territorial uma atividade predominantemente agrícola e animal, onde o cavalo já constitui hoje um promissor cluster. No Médio Tejo, Tomar, Abrantes, Torres Novas, Alcanena, Constância, Vila Nova da Barquinha e Entroncamento, formarão o território do Vale do Tejo com maiores potencialidades industriais. Com uma estratégia adequada poderá voltar vir a ser o “polígono industrial do Médio Tejo”. Mais a norte, Ourém, Ferreira do Zêzere, Sardoal e Mação constituem, uma zona de transição com a região do Pinhal. As suas condições, proporcionam uma considerável mancha florestal, vocacionada para as atividades transformadoras com predomínio da fileira florestal.
Será, eventualmente, tendo em conta as estratégias de desenvolvimento diferenciadas destes cinco grupos de municípios, priorizando projetos intermunicipais que muito dependerá o urgente e inadiável desenvolvimento da região ribatejana. O tempo dos projetos exclusivamente concelhios já passou para plano secundário. Hoje, sem a prévia recuperação do desenvolvimento económico do território regional adjacente, muito difícil será dinamizar, de forma equilibrada e sustentável, o desenvolvimento do município.
Artigo publicado na edição de março de 2017 do Jornal de Cá.