Entrevista do Jornal de Cá a João Oliveira, candidato do PSD à União de Freguesias do Cartaxo e Vale da Pinta, nas eleições autárquicas de 2021, que se realizam a 26 de setembro.
Como vê a União de freguesias Cartaxo e Vale da Pinta na atualidade?
Vejo uma União de Freguesias que não tem sido capaz de encontrar respostas para as necessidades e ambições das pessoas que aqui vivem, que não inova, que não se interessa por aprender o que de melhor se faz no país e que não procura sair da sua zona de conforto para resolver os problemas estruturais do Cartaxo e de Vale da Pinta. A postura da nossa Junta tem passado por abdicar de participar nesta “empreitada”, preferindo empurrar as responsabilidades para a zona cinzenta da esfera de poderes que partilha com o município.
Dou um exemplo banal que está registado em várias Assembleias Municipais: há mais de dois anos que peço para se colocarem duas placas de sinalização a indicar o nome de duas ruas no centro do Cartaxo. Algo tão simples que a Junta teima em não resolver por ser incapaz de articular com o município a assunção de responsabilidades. Este é apenas um exemplo simples que se transfere para outras tantas competências. Chega a ser caricato.
A gestão administrativa do nosso território baseia-se em ciclos bipolares, marcados por longos períodos de marasmo, cuja inércia é rompida apenas pela azáfama pontual da aproximação de atos eleitorais, período no qual se procura gerar falsas expectativas junto de um eleitorado que, por natureza sociológica, simpatiza pelo partido político que neste momento está no poder. Como isso tem sido suficiente, não se procura empreender muito mais.
Acabamos assim por ficar órfãos de uma estratégia e visão no médio e longo prazo, que procure potenciar as mais-valias do nosso território ou os meios que existem à disposição.
Quais as suas prioridades para a União de Freguesias?
Acredito que a missão de um presidente de Junta de Freguesia passa sobretudo por cuidar da sua terra, acrescentar valor ao seu território, procurar novas oportunidades e empreender políticas públicas que se reflitam na melhoria das condições daqueles que aí vivem, trabalham ou investem.
Por outro lado é obrigação de um executivo de junta zelar pelos interesses e ambições daqueles que representa, em particular junto de outros decisores que impactam no seu território, como é o caso do município.
Sendo ainda a Junta o órgão autárquico mais próximo da população, deve servir de elo de ligação para a criação de sinergias entre o tecido social, associativo e empresarial com o intuito de desenvolver atividades ou investimentos em benefício da terra ou da comunidade.
É com base nestas premissas que pretendemos:
Devolver dignidade aos nossos equipamentos e espaços públicos com um modelo de gestão assente num planeamento que tem em linha de conta o real rendimento das equipas, e que daí consolida rotinas e os meios adequados, humanos e máquinas, para as necessidades reais, recorrendo sempre que justificável à contratualização de meios privados para colmatar falhas, sem qualquer tipo de barreira ou preconceito ideológico. Não queremos seguir a linha de investir em equipamentos que a Junta de Freguesia não tem a capacidade de amortizar pela sua baixa percentagem de utilização, acabando por se tornar geradores de despesa. Consideramos que a utilização destes meios mais pesados tem de ser feita em articulação com o município e as restantes freguesias no intuito de maximizar os tempos de funcionamento, numa visão geral e integrada do concelho. É preciso coragem para assumir que é preferível meios adaptados e dimensionados que rodam por todo o concelho do que verbas que chegam em acordos inter-administrativos que se desperdiçam em intervenções que não são estruturais. No que concerne ao mobiliário urbano, queremos reformular a oferta existente e adequá-la à população mais idosa, garantindo mais zonas de convívio com sombra e ao ar livre, ergonomicamente adequados. Pretendemos ainda dar cor à nossa União de Freguesias com a implementação de um programa de arte urbana capaz de dar vida a equipamentos degradados, sendo que para tal criar parcerias com as escolas e outras instituições de referência, replicando as inúmeras experiências positivas que existem pelo país.
Combater o isolamento na população idosa e fomentar o envelhecimento ativo com a implementação de uma agenda de atividades para esta população tendo como parceiros o tecido social e associativo e voluntários. Queremos desenvolver um acompanhamento constante da realidade, agindo de forma mais rápida no apoio à população sénior com carência económica ou em situação de isolamento.
Procurar ativamente mecanismos de financiamento que reforcem a receita da junta de freguesia, como é o caso do Juntar+ do Fundo Ambiental, ao qual a Junta nunca se candidatou, canalizando essas verbas para a valorização do território.
Modernizar a prestação de serviços e a comunicação da junta com a adoção de ferramentas digitais e formação dos seus colaboradores administrativos permitindo uma maior proximidade aos fregueses, eficácia e eficiência nos serviços prestados. Pretendemos ter uma página da internet atualizada, com novas funcionalidades, com a informação atualizada dos órgãos autárquicos, ao contrário de hoje que ainda apresenta eleitos de mandatos anteriores, alguns dos quais, infelizmente, já faleceram. Num exercício de maior transparência queremos também publicar de forma recorrente os relatórios de atividades e contas que permitam às pessoas acompanhar a gestão da Junta e desenvolver um sistema de sinalização de ocorrências de acesso público.
Aproximar as pessoas da tomada de decisão, publicitando através de meios digitais as assembleias de freguesia e assegurando a transmissão online das mesmas reuniões, facilitando a participação aos fregueses. Nesta ótica e de acordo com a realidade da junta queremos implementar um modelo de orçamento participativo que envolva a comunidade, fomente o espírito bairrista e potencie novas ideias para o Cartaxo e para Vale da Pinta. Pretendemos reativar as comissões sociais de freguesia, planificando uma agenda e objetivos a cumprir com as forças vivas.
Preparar o processo de separação das freguesias do Cartaxo e Vale da Pinta, garantindo duas gestões independentes já nas próximas eleições autárquicas tendo como base a legislação que saiu em junho deste ano e que permite esta reforma administrativa.
Realizar pequenos investimentos que sirvam de maior comodidade à população ou que se reflitam na melhoria de espaços de lazer ou outros bens essenciais como por exemplo: a requalificação da envolvente dos lavadouros de Vale da Pinta, o arranjo urbanístico do espaço adquirido para a criação de um parque de estacionamento, a colocação de equipamentos que permitam realizar atividades ou convívios ao ar livre na Quinta das Correias, no Parque de Santa Eulália ou Bairro Azul, bem como a concretização de sanitários públicos no centro da cidade do Cartaxo.
Apostar no pedestrianismo e na divulgação da nossa história com a criação de trilhos e caminhos urbanos que nos levem a conhecer melhor locais emblemáticos, marcos ou espaços marcantes do nosso território. Queremos que tal seja feito de uma forma moderna e suportada com sinalética compatível com os dispositivos móveis, por via escrita e áudio.
Apoiar a promoção e criação de marcas no Cartaxo e em Vale da Pinta, para reforçar a nossa identidade e atrair visitantes para o nosso comércio e restauração. Queremos de forma regular realizar eventos de demonstrações gastronómicas, ou de produtos tradicionais no Cartaxo e em Vale da Pinta, no sentido de por um lado não deixar cair no esquecimento o que temos de melhor e por outro estimular a competitividade da nossa economia local.
Fazer da União das Freguesias do Cartaxo e Vale da Pinta um parceiro de quem inova e empreende, procurando atrair projetos piloto junto de instituições do ensino superior ou entidades vocacionadas para a competitividade e inovação.
O que ambiciona para a União de Freguesias Cartaxo e Vale da Pinta?
Ambicionamos trabalhar todos os dias para ultrapassar os desafios existentes, concretizar soluções para os problemas que mais afetam as pessoas e investir sustentavelmente na melhoria das condições do nosso território.
Queremos uma Junta que não se desresponsabiliza, mas que assume posições, que assume como prioridade desenvolver o Cartaxo e Vale da Pinta, ao mesmo tempo que galvaniza o orgulho na nossa identidade, história e cultura.
Por outro lado e como já referi pretendemos ser parceiros na busca de oportunidades que tragam emprego e investimento para o nosso território.
Pretendemos ainda que a Junta de Freguesia passe a assumir um forte poder de decisão na definição das políticas municipais que impactam no seu território, divulgando de forma periódica os nossos compromissos com a população.
O que é que a União de Freguesias Cartaxo e Vale da Pinta tem a ganhar com a sua eleição?
Uma equipa dedicada, com provas dadas, em âmbito pessoal e profissional para alcançar resultados para a sua comunidade e com visão de longo prazo para acrescentar valor à sua terra.
Enquanto presidente procurarei justificar diariamente o meu salário, agindo como um verdadeiro gestor focado na resolução dos problemas que afetam as pessoas, na implementação de iniciativas e investimentos que valorizem o território pelo qual me tornarei responsável, sempre atento a novas oportunidades que possam ser agarradas. Fá-lo-ei com uma postura profissional, aberta à aprendizagem e com uma enorme motivação em melhorar as freguesias onde tenho as minhas raízes. Assim queiram os cartaxeiros e os valedapintenses, cá estaremos para pôr à prova as nossas capacidades e procurar concretizar os compromissos que aqui assumimos.
*União de Freguesias Cartaxo e Vale da Pinta
A União de Freguesias Cartaxo e Vale da Pinta foi criada pela da Lei 11/2013, de 28 de janeiro, que deu cumprimento à obrigação de reorganização administrativa do território das freguesias constante da Lei 22/2012, de 30 de maio. Esta união de freguesias tem uma área de 28,23 Km2, com cerca de 12 mil habitantes e uma densidade populacional de 448,6 hab/km².