Este sábado, 13 de janeiro, 70.385 militantes do PSD são chamados às urnas para escolher o novo líder do partido, depois de anunciada a saída de Pedro Passos Coelho, na sequência da derrota pesada nas últimas autárquicas.
Pedro Santana Lopes e Rui Rio são os nomes entre os quais os militantes terão de escolher, e que reúnem, cada um, os mais diversos apoios a nível nacional.
Pedro Santana Lopes abandonou a Santa Casa da Misericórdia para se apresentar a estas eleições, não obstante as críticas ao seu trabalho enquanto Provedor serem bastante positivas, e Rui Rio, retirado da vida política pública desde a saída da presidência da Câmara Municipal do Porto, resolver voltar a ‘dar as caras’ e apresentar-se como alternativa aos militantes.
Apoio a candidatura de Rui Rio e tenho esperança na sua vitória.Vasco Cunha
Também os militantes do Cartaxo vão exercer o seu direito de voto no sábado, e também aqui os apoios se dividem entre os candidatos.
Vasco Cunha, ex-presidente da concelhia do Cartaxo e da Distrital de Santarém e ex-deputado à Assembleia da República, apoia Rui Rio. “Apoio a candidatura de Rui Rio e tenho esperança na sua vitória. Para além das características pessoais, da relação de amizade que mantemos e do percurso político que fez, creio que o PSD deve, sobretudo, ir ao encontro da expetativa que os portugueses depositam em encontrar um líder alternativo ao atual primeiro-ministro, António Costa, e à solução governativa que gere Portugal. Os partidos políticos devem saber ler, a todo o momento, aquele que é o anseio dos eleitores e interpretar essa ambição. É, em suma, conciliar o PSD com aquilo que muitos portugueses desejam desta eleição”, explica.
Eu, como gosto sempre mais dos que lideram pelo exemplo, apoio convictamente a candidatura que o Dr. Rui Rio protagoniza.
Jorge Nogueira
Também Jorge Nogueira, igualmente, ex-presidente da concelhia laranja do Cartaxo e ex-autarca, apoia o ‘homem do Norte’. “Quem vai ganhar não sei. Agora espero, para bem do Partido Social Democrata e do País, que o Dr. Rui Rio vença as eleições diretas e seja eleito como 18º presidente do PSD”, diz, acrescentando que Rui Rio é quem está em melhores condições para mobilizar os militantes “e, assim, disputar e ganhar as próximas Eleições Legislativas. Os social democratas precisam de um líder que nos motive a fazer política de uma forma mais trabalhada, mais estudada, mais equilibrada, mais competente, mais racional… enfim, de uma forma mais séria. Eu, como gosto sempre mais dos que lideram pelo exemplo, apoio convictamente a candidatura que o Dr. Rui Rio protagoniza. E estou convencido que esta candidatura vai vingar porque teve sempre como principal objetivo o futuro de Portugal”.
Do ‘outro lado da barricada’ estão Gonçalo Gaspar, ex-líder da JSD e ex-autarca, e Pedro Reis, ex-presidente da concelhia e também ex-autarca.
Apoio Pedro Santana Lopes pela sua proximidade às pessoas, ao País real, pela sua convicção e força de fazer um País mais coeso, onde ninguém fica para trás.
Gonçalo Gaspar
Gonçalo Gaspar salienta que este é “um momento de reflexão interna”, e destaca as capacidades de ambos os candidatos. “Efetivamente, são dois grandes e destacados militantes com experiência de gestão pública e política, seja ao nível autárquico seja ao nível de governo”. No entanto, sendo Pedro Santana Lopes ganha vantagem, diz Gonçalo Gaspar, porque é “um homem que, para além da experiência política, congrega ainda competências ao nível da gestão de uma importante instituição da área social, o que lhe dá um conhecimento maior e mais profundo da sociedade portuguesa, em especial dos mais carenciados e que necessitam de uma resposta social mais célere e eficaz”.
Apoio Santana Lopes porque é um homem especial, com defeitos e virtudes, mas com ele a política é paixão, é sentimento.
Pedro Reis
“É urgente que o PSD tenha um líder com uma postura motivante, agregadora, próxima das pessoas, com um conhecimento real do País e que transmita uma mensagem de esperança. Vejo em Pedro Santana Lopes esses atributos, competências e, acima de tudo, perfil”, declara, e prossegue: “apoio Pedro Santana Lopes pela sua proximidade às pessoas, ao País real, pela sua convicção e força de fazer um País mais coeso, onde ninguém fica para trás, onde todos contam na construção de um País mais justo, onde a verdadeira igualdade de oportunidades está ao alcance de qualquer um, fazendo assim um Portugal maior e melhor”.
Já Pedro Reis espera “que Santana Lopes seja o próximo presidente do PSD e primeiro ministro do nosso País. Apoio Santana Lopes porque é um homem especial, com defeitos e virtudes, mas com ele a política é paixão, é sentimento, é possível voltar a acreditar num País mais humanista e num PSD reformador e progressista centrado nas pessoas”.
Campanha mediática
Quanto ao desempenho dos candidatos ao longo da campanha, Vasco Cunha salienta que, sendo estas eleições partidárias, “admito que o debate tenha sido muito mais virado para o interior do PSD do que para o País. Este modelo de eleição do líder do PSD apresenta já algum desgaste. Não sei se não valeria a pena voltar ao modelo dos antigos Congressos, onde a direção nacional era eleita por delegados. Todavia, ambos os candidatos são conhecidos, tal como as suas ideias, pelo que, em bom rigor, ninguém estaria à espera de sensacionalismos”.
“Eu sou daqueles que acha que a campanha foi demasiado longa, o que retirou algum pragmatismo e objetividade à discussão dos candidatos e suas candidaturas”, confessa Gonçalo Gaspar, ao mesmo tempo que diz ter ficado desiludido com os debates. “Não escondo que a parte que menos apreciei nesta campanha foi, efetivamente, aquela pela qual mais tinha expetativa, e desejo que eram os debates entre Pedro Santana Lopes e Rui Rio. Confesso que não gostei, discutiu-se mais o acessório e o passado do que o futuro, discutiu-se mais as questões domésticas do que as questões estruturais para o País”.
Gonçalo Gaspar acusa Rui Rio de ter “pouca habilidade comunicativa e sensibilidade política”, de ser “pouco solidário com o Partido e com os seus militantes”.
Pedro Reis lamenta que os debates e entrevistas não tenham sido mais dirigidos à sociedade civil, e considera que Pedro Santana Lopes foi o vencedor da campanha mediática. “Os debates e entrevistas, na minha opinião, foram determinantes para mostrar que Pedro Santana Lopes está melhor preparado e tem muito bem definida a estratégia que tem para Portugal para os próximos anos”, salienta.
Sobretudo ao nível regional, o PSD precisa de um abanão, de inconformismo e de reflexão política.
Vasco Cunha
Se à deriva quer dizer ao sabor de novas correntes ou de novos ventos, então sim: o PSD do Cartaxo está à derivaJorge Nogueira
Já Jorge Nogueira não poupa críticas, e à pergunta do Jornal de Cá se o PSD Cartaxo está à deriva, responde que “se à deriva quer dizer ao sabor de novas correntes ou de novos ventos, então sim: o PSD do Cartaxo está à deriva”, e considera que “as últimas eleições autárquicas significaram um corte profundo com o passado do PSD no concelho do Cartaxo. Experimentaram-se soluções novas, com novas roupagens e novos protagonistas. O experimentalismo foi de tal monta que senti que houve ocasiões em que alguns social democratas tiveram dificuldade em reconhecerem ou identificarem aquela como a sua casa”. Por isso, Jorge Nogueira reputa de “muito importante para o futuro do PSD do Cartaxo que os próximos tempos sejam dedicados à afirmação de um projeto político que não se esgote apenas nos autarcas eleitos pelo PSD. Penso que é deveras importante a afirmação política da seção do PSD, independentemente de ser, ou não, constituída por autarcas em exercício”, finaliza.
O PSD Cartaxo precisa, efetivamente, de novos atores políticos que tragam credibilidade, frescura e iniciativa ao partido e ao concelho do Cartaxo.Gonçalo Gaspar
“O PSD Cartaxo precisa, efetivamente, de novos atores políticos que tragam credibilidade, frescura e iniciativa ao partido e ao concelho do Cartaxo. Precisa de unir um partido que está adormecido, que tem militantes de corpo e alma que estão afastados do partido, que tem um conjunto de cidadãos que se envolveram nas eleições de 2009, 2013 e 2017 e que gostam e identificam-se com o PSD, mesmo não sendo militantes. A abertura do PSD Cartaxo à sociedade civil tem de ser uma realidade, não apenas em períodos eleitorais, mas no combate político diário no nosso concelho”, começa por analisar Gonçalo Gaspar. Assim, e se “o PSD Cartaxo se quer afirmar como uma alternativa em 2021, tem que começar a credibilizar a sua liderança, os seus dirigentes, disponibilizar ferramentas políticas e formativas aos seus autarcas para que estes, fora do âmbito das Assembleias Municipais e de Freguesia, façam um trabalho de proximidade junto das suas comunidades. É necessário traçar um rumo bem definido com vista às próximas eleições autárquicas”, termina.
Durante os próximos quatro anos, é fundamental delinear uma nova estratégia que consiga ser agregadora de mais homens e mulheres social democratas e sobretudo independentes.
Pedro Reis
Também Pedro Reis pensa que, “durante os próximos quatro anos, é fundamental delinear uma nova estratégia que consiga ser agregadora de mais homens e mulheres social democratas e sobretudo independentes, onde seja possível criar um projeto mobilizador para que, definitivamente, seja possível colocar o concelho no caminho do progresso”.
O Jornal de Cá convidou o presidente da concelhia do PSD do Cartaxo, José Augusto Jesus, para se pronunciar sobre estes temas. Um convite que não foi aceite, por não querer manifestar publicamente o seu apoio a qualquer dos candidatos.