Fixar as populações nas suas terras passa por conhecer, debater e planear, e melhor investir os fundos que foram acessíveis a todos os municípios. Muitos fizeram-no da melhor forma, criando incentivos à natalidade, à prote… Opinião de João Fróis
Magnífico edifício do séc. XII na cidadela do castelo de Bragança e que deve o seu nome ao facto de ter sido usado para assembleia municipal.
Revisitei-o há dias, em férias e mostrei-o aos miúdos, como sempre vou fazendo com os inúmeros pedaços de história que Portugal felizmente mantém vivo e a cores. Foi com agrado que percebi o cuidado com a manutenção deste belíssimo legado e com as inovações, entre elas, um magnífico museu dos trajes e tradições daquela zona raiana, com os caretos e chocalhos, bem ilustrados em inúmeras máscaras, trajes e adereços vários, lusos e castelhanos. A visitar.
Ora este bom exemplo leva-me a trazer à luz algo que me desperta sempre interrogações e considerandos. Conheço muito bem o País, que percorro desde sempre com curiosidade e gosto pela descoberta do belo património natural e edificado que a nossa longa história nos deixou. E há poucos municípios que não tenha visitado. E aí percebem-se as enormes diferenças que a gestão camarária empresta ao presente e futuro das suas gentes. No interior deparamos com municípios atrativos, limpos e com investimento notório em dar relevo ao melhor que a terra oferece a quem a visita. Placas originais a destacar as atrações à entrada e saída dos concelhos aliciam-nos para a visita que quase sempre não nos defrauda, antes espanta pelo bom gosto, pelo esforço em tornar atraente os espaços públicos para quem lá vive e para quem visita. Nem todas as vilas e cidades têm castelos, solares e palacetes mas preservar a sua identidade, sem derrubar nem desvirtuar o legado é uma missão que obviamente não chegou impoluta a todas as paragens.
Fixar as populações nas suas terras passa por conhecer, debater e planear, e melhor investir os fundos que foram acessíveis a todos os municípios. Muitos fizeram-no da melhor forma, criando incentivos à natalidade, à proteção da infância e escolaridade, à sustentabilidade do emprego pelo apoio às empresas e ao investimento. Apostaram na defesa do património, apoiaram associações e criaram uma dinâmica que congrega as populações e as faz continuar a querer ali viver. Outras foram perdendo a aura que antes tiveram e entregues a si mesmas, com dívidas enormes, veem partir muitos e não podem cuidar dos que ainda ficam. Confesso que é com desalento que vou revisitando o Cartaxo e sinto a terra moribunda, sem alma nem chama, bem patente em que lá vive e trabalha. Os erros do passado irão demorar a sarar mas que se aprenda com tanta incompetência e gestão danosa e se possa almejar a um futuro mais risonho. Responsabilizar civilmente a gestão pública é imperioso. Haja coragem política e um povo inconformado e que lute pelos seus ideais.