“É importante não deixar ninguém de fora”

As Jornadas Mundiais da Juventude vão acontecer este ano em Lisboa, de 1 a 6 de agosto. Há muita coisa por fazer. Fomos falar com o COP interparoquial que inclui as paróquias de Pontével, Valada, Lapa e Vale da Pedra para ver em que fase estão os preparativos.

As Jornadas Mundiais da Juventude vão acontecer este ano em Lisboa, de 1 a 6 de agosto. Há muita coisa por fazer. Fomos falar com o COP interparoquial que inclui as paróquias de Pontével, Valada, Lapa e Vale da Pedra para ver em que fase estão os preparativos.

A grande novidade neste COP, passa por Margarida e Hernâni Rodrigues, um casal pontevelense, que terá um papel muito importante na organização destas famílias de acolhimento. Este é um COP Interparoquial, o que faz com que as paróquias de Pontével, Valada, Lapa e Vale da Pedra trabalhem em conjunto desde o início. A ideia surgiu através do pároco destas paróquias, padre Miguel Ângelo, explica-nos Beatriz Marinho, representante de Vale da Pedra, “como somos paróquias mais pequenas, juntámo-nos com o objetivo de facilitar o trabalho em termos de organização”.

Elementos que constituem o COP Interparoquial

Beatriz Marinho, 23 anos, estudante de medicina veterinária, no último ano de curso. Representa a freguesia de Vale da Pedra.

Beatriz Abade, 23 anos, consultora imobiliária, mas a estudar educação especial. Representa a freguesia de Valada.

Mariana Ferreira, 23 anos, terapeuta ocupacional e representa a freguesia de Pontével.

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Margarida Rodrigues, 40 anos, casada, funcionária pública, participa no COP de Pontével enquanto responsável pelas famílias de acolhimento.

Hernâni Rodrigues, 46 anos, casado, comercial de automóveis, participa com a mulher, Margarida Rodrigues e são responsáveis pelas famílias de acolhimento de toda a freguesia de Pontével, assim como outros casais também vão coordenar as famílias das restantes freguesias.

Ser família de acolhimento

Neste momento, estão a decorrer as inscrições para quem tenha a intenção de ser família de acolhimento em Pontével e nas restantes freguesias, quem nos explica é Margarida Rodrigues. “Aqui, o nosso papel é tentar angariar as famílias, na freguesia de Pontével, que tenham disponibilidade para naquela semana de 1 a 6 de agosto receber pelo menos dois jovens e fornecer-lhes as condições que eles precisam, nomeadamente, um sítio para dormir, instalações sanitárias, pequeno-almoço e transporte até à estação, se necessário”.

Hernâni Rodrigues acrescenta que dependendo do número das famílias que se inscrevam, poderá haver a necessidade de colocar os restantes jovens em espaços comunitários que serão adaptados para o efeito. Juntamente com a Câmara Municipal do Cartaxo e com a Junta de Freguesia de Pontével estão a fazer um levantamento desses espaços, mas tudo indica que em Pontével seja o centro escolar, uma vez que os alunos, em agosto, estão em período de férias de verão.

“O objetivo principal são as famílias de acolhimento, mas não havendo famílias para todos, teremos de partir para estas zonas secundárias de acolhimento”, esclarece Beatriz Abade, representante da freguesia de Valada.

O principal entrave é a desconfiança

“Eu não vou sair de manhã para trabalhar e deixar os meus filhos sozinhos em minha casa com esses jovens que não conheço de lado nenhum”, esta é uma de tantas respostas que ouvem quando propõem este assunto às pessoas, revela Margarida Rodrigues.

Para ela, é importante que percebam que esses jovens nunca ficarão sozinhos, até porque “vão sair muito cedo e chegar tarde” devido aos dias preenchidos por uma série de atividades, seja em Lisboa ou pela nossa terra. “Basicamente, o que pedimos é apenas um alojamento, onde eles possam pernoitar durante essa semana, claro que com as condições mínimas”, explica.

Já Hernâni Rodrigues, acredita que existe outro problema, pois se não tivéssemos passado pela pandemia “todo este processo seria mais fácil”. O maior receio para muitas famílias é alojar nas suas casas, jovens que venham de fora, principalmente, “aquelas pessoas que ainda não tiveram Covid, não estão dispostas a deixar entrar outras em sua casa, com medo da possibilidade de contrair a doença”. Ainda que já tenha ouvido muitas respostas negativas, Hernâni diz-nos que não vai desistir e que “se trabalharmos todos em equipa, vai resultar, porque o mais importante é não deixar ninguém de fora”.

De momento, outro obstáculo que têm sentido é o facto deste evento se realizar na primeira semana de agosto. Muitos dizem-nos que “não sei se estarei cá ou se estarei de férias, até lá ainda falta muito, depois vejo”, mas Margarida realça a importância da logística que estes eventos implicam e apela a quem tem vontade de ser família de acolhimento, “o momento de se inscrever é agora. Não tenham receios, pois este é um encontro de jovens de todo o mundo, sendo católicos ou não, e é um privilégio que seja feito em Portugal”.

Este casal partilha connosco como é que este assunto foi abordado em sua casa, quando a filha mais nova soube que iam receber dois jovens fez uma série de perguntas e partilhou alguns dos seus receios. “Se algumas crianças já têm medos, quanto mais os adultos”, Margarida considera que estes receios são normais, “por isso mesmo é que é importante falar sobre isso”. Quando lhes foi proposto esta “missão”, confessam-nos que aceitaram logo e foram eles que “deram o pontapé de saída” como família de acolhimento em Pontével.

Revelam-nos ainda que planeiam tirar férias durante essa semana para “estarem 100% disponíveis para o evento”, ainda assim, compreendem que muitas pessoas não conseguem ter essa disponibilidade, horários compatíveis, ou que não estão mesmo dispostas a abdicar do seu tempo para colaborar nesta causa, mas reforçam que “é importante fazer o máximo esforço”.

O papel deste casal passa por desmistificar estes receios, pois ainda notam o estigma de ser um evento mais dirigido para os católicos. “As pessoas pensam que só as famílias que vão à missa é que podem participar, mas não, este é um evento aberto a toda a comunidade”.

Por estarmos a 50 minutos de viagem de Lisboa, a nossa zona vai ser uma área preferencial de acolhimento de peregrinos. Durante essa semana as atividades diárias realizar-se-ão em Lisboa, portanto, os peregrinos partem sempre da estação de vale da pedra e retornam ao final do dia, pela mesma via, para depois serem distribuídos pelas famílias e pelos espaços comunitários. A sede deste COP será em Vale da Pedra, precisamente, por essa razão, pela maior proximidade à estação.

A Igreja de Vale da Pedra funcionará como igreja mãe, nesta existirão atividades como missas, catequeses, momentos de partilha e momentos de convívio, para os jovens que não queiram deslocar-se a Lisboa todos os dias.

Para este grupo, o principal objetivo é criar oportunidades para os peregrinos fortalecerem o seu caminho na fé católica e por isso criar atividades que levem ao encontro a Jesus e a Maria, mas “também vamos ter um leque de atividades diferentes, tais como conhecer locais aqui perto, entre outras”, explica-nos Mariana Ferreira, representante da paróquia de Pontével. Ainda assim, é importante referir que estas atividades não são só para os jovens que venham, mas também para todos os jovens das nossas freguesias que se queiram juntar.

Mariana Ferreira, fala-nos do seu caso pessoal, quando participou nas Jornadas Mundiais da Juventude, em 2016, em Cracóvia, na Polónia. Esteve numa família de acolhimento e revela-nos que fez toda a diferença na sua experiência, porque no final daqueles dias mais cansativos chegava a casa e tinha sempre uma mesa posta com comida quente, um abraço aberto, o simples facto de lhe desejarem uma boa noite ou um bom descanso. “Tudo isso me marcou. Quando estamos num espaço partilhado o conforto é sempre diferente e, portanto, também nos cabe a nós apelar às famílias para isso mesmo, fazer com que os jovens que venham de fora se sintam em casa e encontrem o conforto necessário para viver esta experiência ao máximo”, frisa.

Quero acolher jovens em minha casa, como faço?

Para receber jovens em sua casa apenas precisa de disponibilidade durante a semana de 1 a 6 de agosto, dois metros quadrados de área útil, instalações sanitárias e se possível fornecer pequeno-almoço e transporte, mas caso não consiga, os responsáveis pelo COP tratam de agilizar a situação. Descubra todas as informações necessárias através das redes sociais deste COP ou diretamente com estas pessoas.

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