Mês de Dezembro… e logo o que me ocorre é a época natalícia no seu esplendor e com todo o frenesim que esta mesmo envolve. Em tempos de infância descontavam-se ansiosamente os dias em contagem decrescente, para que na véspera colocasse os sapatos junto à chaminé da cozinha, na qual pai ou mãe ia bater com a vassoura no seu interior e, miraculosamente, qual pai Natal (que se esquecia sempre lá do seu barrete com a pressa) aparecia o sortido de prendas para cada membro da família.
Com a educação que me foi dada nunca fui obcecado pelos chamados brinquedos top que iam desde uma bela bicicleta a um topo de gama de um carro telecomandado, pois lembro-me, vezes sem conta, na minha loja, de pais retraírem-se nas suas compras de brinquedos por questões de ordem financeira.
Recordo-me da imaginação fértil que tínhamos nos longos dias de brincadeira onde um simples prego atirado e espetado ao chão se repetia, vezes sem conta, até chegar ao castelo; um simples buraco servia de barroca para atirar os berlindes ou umas simples caricas e, pronto, uma pista raspada e desenhada no chão e as corridas eram realizadas na maior das alegrias.
Desde sempre que me lembro das ruas do comércio, engalanadas nesta época com luzes mas sinceramente este ano não faço uma pequena ideia do que vai ser decidido pelo Poder Local. Faz nesta altura precisamente dez (10) anos que, na sede da Nersant, foi fundada a Associação Comercial do Cartaxo, da qual tive a iniciativa de pertencer aos seus quadros diretivos, desde o seu início, sendo sediada no Torreão do Mercado Municipal.
Infelizmente deparou-se logo com dificuldades em unir os comerciantes do nosso concelho, pois houve atritos deveras desmotivantes na captação de associados, que preferiram não aderir ou então acharam mais importante estarem inseridos na Associação Empresarial e Comercial de Santarém, na qual englobavam concelhos adjacentes, inclusive o do nosso Cartaxo. Agora passados estes anos, confirma-se, mais que nunca, a falta que fez a nossa associação e o importante que era para todos os comerciantes falarem a uma só voz.
Desses tempos enquanto durou a sua curta existência recordo os êxitos de certas iniciativas criadas pela carolice dos seus dirigentes, como por exemplo uma passagem de modelos no mercado municipal, desfiles de carnaval ou de um comboio conduzido por um Pai Natal que oferecia rebuçados e balões fazendo as delicias das crianças da nossa Terra.
Na ultima reunião na Câmara com presença massiva de comerciantes locais, de um lado instalou-se um muro de lamentações, em que a permissão da abertura de mais duas grandes superfícies e o corte da Estrada Nacional foram mais duas grandes machadadas para o comércio tradicional; do lado do poder político com a promessa e a incerteza do “timing“, de que um dia haverá alterações no trânsito no centro da cidade e respetiva sinalização indicando as zonas de comércio ou seja quando houver dinheiro para os estudos e para o consequente material urbanístico.
Depois de outros movimentos mais tarde criados, como por exemplo o “Cartaxo a Mexer”, também ficou pelo caminho, agora caiu-se no marasmo de cada um por si, esperando que venha um Pai Natal da capital do distrito com um saco cheio de clientes ou continuarmos a criticar a falta dos mesmos.
Mas a vida é uma luta e porque sou daqui, a lutar não me nego, que não seja do lado de lá que seja Cá.