Este slogan anda nas bocas do mundo, pelo menos o que fala a língua de Camões, por cá e por terras de Vera Cruz, onde Bolsonaro lidera as intenções de voto para a segunda volta das eleições presidenciais. Este personagem de passado polémico e raízes militares, assume ideias e ideais extremados à direita e que assomam outros tempos em que o fascismo varreu quer o Brasil como a velha Europa.
Num Brasil embrenhado numa crise social, económica e política, o populismo e demagogia andam de mãos dadas nas ruas conturbadas das grandes cidades, entregues a uma violência sem precedentes e que assusta até os geralmente mais distraídos no seu conforto de condomínios fechados e carros de luxo.
Desde a prisão de Lula da Silva e da destituição de Dilma que a paz foi varrida do espectro político brasileiro. A corrupção foi brandida como arma incendiária para queimar tudo e todos na praça pública e os fantasmas de nova crise financeira e social foram agitados de norte a sul desse imenso país em que tudo continua a ser tristemente adiado.
Face à violência galopante a resposta de Bolsonaro é dada com mão de ferro e as suas tentações militaristas de impôr a ordem pela força não auguram nada de bom. Mas se muitos protestam contra este ditador que despreza as minorias e provoca as mulheres, a verdade é que lidera as sondagens e promete pôr o Brasil a ferro e fogo.
Mas em Itália, as velhas hostes de onde emergiu Mussolini continuam vivas e Salvini, ministro do interior, anda a liderar a união de todas as direitas que na velha Europa vão crescendo e ameaçando a paz global. A crise humanitária dos refugiados que continuadamente desembarcaram na península itálica, despoletaram velhos fantasmas que destruíram grande parte da Europa central há 75 anos atrás. A invasão de refugiados tem mostrado quão frágil é o projeto europeu e as divisões estão à vista de todos. A identidade europeia sempre se fez da inclusão de outros povos e foram eles que em muito ajudaram a que dos escombros renascesse esta Europa ética e economicamente forte e segura. Os muros que foram sendo feitos acabaram sempre por cair mas pior que o cimento é a dureza moral e o esvaziamento solidário que vai corroendo o âmago desta união.
A norte do Brasil assistimos à decadência de um país entregue a um louco que demonstra a falibilidade do que há muito pudémos comprovar entre portas, os imensos males do modelo comunista de controlo e posse dos meios de produção. Os extremos tocam-se. Um ditador de esquerda que mata o povo à fome, um militar de extrema direita que promete pacificar um povo esfomeado de justiça, pela força das armas e um ministro ambicioso que quer selar o país e seus pares à invasão dos “infiéis”. Este filme dramático já foi visto e revisto em múltiplas formas e versões, todas elas manchadas a sangue inocente de milhões, por esse mundo fora. Será que a humanidade não aprendeu nada?
- Artigo publicado na edição de outubro do Jornal de Cá.