Em defesa da festa brava

Opinião de Vítor Teixeira Santos

A propósito das manifestações animalistas/ anti taurinos a que temos assistido, e porque sou aficionado aos toiros, sinto o direito de me manifestar, divulgar a minha indignação e defender a Festa.

Eu que cheguei a um ponto da minha vida que julgava não perder mais tempo com aquilo que me desagrada, porém: Estou cansado que ataquem as Corridas de Toiros; Estou cansado que me chamem doentio; Estou cansado que me chamem selvagem; Estou cansado que me chamem inculto; Estou cansado que me chamem violento; Estou cansado que me chamem incivilizado; Estou cansado não porque não tenham o direito de se manifestar, mas sim com tantas matérias e temas incontornáveis que afetam e preocupam diretamente toda a sociedade portuguesa para se manifestarem contra, tais como: a corrupção, branqueamento de capitais e trafego de influências, (BPP, BPN/SLN, BES, CGD, BANIF, vistos Gold, Swaps, PPP´s rodoviários, PT/Oi, Pavilhão Atlântico, Free Port, Operação Marquês, subsídios e subvenções aos políticos, falsas habilitações, Fundações e Observatórios, nomeação de familiares, etc… etc…) a negligência e insegurança (incêndios, SIRESP, golas anti-fumos, desaparecimento das armas de Tancos etc…) a educação (escolas sem aquecimento, sem manutenção onde chove nas salas, falta de pessoal para abrirem escolas etc. etc. etc…) a justiça (Tribunais atolados de processos, sem condições de trabalho e justiça ao alcance de todos, etc., etc. etc…) a saúde (médico de família para todos, listas de espera nos hospitais, hospitais lotados, urgências sobrecarregadas, etc…etc…) vão manifestar-se contra as corridas de toiros, numa atitude provocatória, para junto de quem gosta das corridas, e à porta (ou perto delas) das Praças de Toiros. Se a moda pega, quem não gosta de teatro vai manifestar-se para a porta dos teatros etc… etc…

As prioridades e preocupações desta gente mudaram para alvos errados, ou há efetivamente uma inversão de valores? Poderão algum dia deixar os preconceitos e aprenderem a respeitar?

As corridas de toiros fazem parte integrante da cultura portuguesa, das raízes e dos costumes mais profundos do Ribatejo, da nossa identidade como povo e da nossa história. São espetáculos realizados à porta fechada, só entra quem quer, gosta e paga o bilhete. Não será este um argumento suficientemente forte para que nos deixem, em liberdade, decidir do que gostamos ou não? Ainda assim, em termos ambientais pode-se aduzir o facto de, o toiro, ser um animal criado de forma ímpar, durante quatro anos em total liberdade que, caso terminem as corridas de toiros, será uma espécie para extinguir uma vez que não é economicamente rentável, ou fechá-lo num qualquer jardim zoológico. Pode-se ainda acrescentar o facto de estar provado cientificamente, em estudos elaborados por universidades espanholas, que o toiro não sofre tanto quanto o que os animalistas fazem crer, uma vez que a adrenalina que produz no calor da luta sobrepõe-se e atenua a dor provocada pelas bandarilhas. Poderá ainda evocar-se que seria uma catástrofe sócio-económica uma vez que atiraria para o desemprego centenas de pessoas, não só os que vivem diretamente do toureio mas também os maiorais, os campinos, os tratadores de toiros e cavalos, as empresas de rações, de sementes, de vedações de transportes etc… e ainda contribuiria seguramente, para maior desertificação do nosso interior e do espaço rural.

A propósito, o Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto acaba de considerar inconstitucional a decisão da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim de proibir as touradas no município.

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Basta de provocações e insultos! Com tanta causa nobre e incontornável (como as enumeradas atrás) porque não se batem e lutam por elas junto da Assembleia da República?

Leva-nos a acreditar que o que os move não são somente razões de ordem cultural, mas sim uma ideologia populista, ditatorial, sendo que estas seitas fundamentalistas e populistas, lideradas por loucos com sede de poder, estão a tentar clivar a sociedade portuguesa entre o “nós”, os bons, e o “eles”, os maus, os selvagens, os incultos, os violentos. No limite, estas seitas o que defendem e querem impor, se um dia chegarem ao poder, é que todos devemos ser vegetarianos uma vez que defendem que nenhum animal deve servir para alimento humano.

No século passado, o populismo, qual nazis, também começaram a sua atividade com desfiles e manifestações contra os judeus, que acabaram por perseguir, depois foram os comunistas, depois os sociais-democratas… e, por fim, todos os que discordavam da sua ideologia. Todos sabemos como acabou a Alemanha e a Europa.

*Artigo publicado na edição de outubro do Jornal de Cá.

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