Em quem votarão os eleitores do movimento PV-MPC?

Por Jorge Nogueira*

Eleições Autárquicas no Cartaxo:

Quando faltam poucos dias para as Eleições Autárquicas, quero aproveitar para olhar para os resultados eleitorais de 2013. Esclareço os que já não se recordam ou, pura e simplesmente desconheciam, que estive diretamente envolvido, enquanto presidente da Comissão Política do PSD do Cartaxo, no processo autárquico de 2013 e nas escolhas que então se fizeram. Por isso e porque não quero provocar qualquer ruído desnecessário, vou tentar ser o mais factual possível, até porque os resultados dessas eleições deixam pouca margem para dúvidas.

O facto que, na minha opinião, determinou todo o processo eleitoral autárquico de 2013 teve lugar muito tempo antes. Concretamente em fevereiro de 2010, quando Pedro Ribeiro conquistou a liderança da concelhia socialista do Cartaxo (83 votos), tendo derrotado Bernardo Pereira (75 votos) e Marco Caetano (37 votos). O jornal O Mirante escreveu na altura que esta havia sido “a eleição mais participada de sempre do PS Cartaxo, com 199 votantes num universo de cerca de 300”.

A partir da concelhia socialista, Pedro Ribeiro foi construindo o caminho que o havia de levar, três anos mais tarde, a ser o escolhido para uma candidatura autárquica. Mas antes ainda houve uma divergência pública com o então presidente de Câmara do Cartaxo, que havia chegado ao cargo em outubro de 2011 devido à renúncia ao mandato de Paulo Caldas.

O PS acabou por escolher o seu dirigente local, em detrimento do independente que exercia o cargo de presidente de Câmara. E, como é normal nestes casos, o presidente em exercício formou um movimento de apoio à sua candidatura. Paulo Varanda – Movimento Pelo Cartaxo foi a novidade eleitoral de 2013, tendo alterado profundamente a habitual distribuição de votos.

Creio que a análise que fiz, há data e por dever ao cargo que exercia, se mantem válida e contempla, para além da rutura entre presidente de Câmara e concelhia socialista, um conjunto de movimentações no xadrez político local, que acabaram por ter inúmeras consequências eleitorais.

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Recordo que, contra todas as expectativas, o Bloco de Esquerda não contou com dois dos seus mais destacados e proeminentes representantes, que haviam encetado uma acirrada oposição à gestão de Paulo Varanda, tal como já haviam sido implacáveis na oposição a Paulo Caldas. O BE teve, por isso, tremendas dificuldades para enfrentar o processo eleitoral e perdeu 529 votos, por comparação com 2009 (842 votos).

A Coligação Democrática Unitária (CDU) viveu também uma pré-campanha dominada pela incerteza sobre o seu cabeça de lista à Câmara. Recordar-se-ão de uma primeira página do extinto jornal “O Povo do Cartaxo” em que o então vereador da CDU anunciou a sua não recandidatura. Voltou atrás na decisão, mas a CDU acabou por perder 383 votos, em relação a 2009 (1.415 votos), e ficou sem o vereador.

O PSD enfrentou o processo eleitoral autárquico numa das piores fases da governação do País (recordo que Portugal estava sob resgate internacional, com a vigência de um programa de assistência económica e financeira). A candidatura local escolheu uma dupla constituída pelo ex-cabeça de lista independente de 2009, para ocupar o segundo lugar, e para candidato a presidente de Câmara a escolha recaiu no militante social democrata de maior destaque concelhio. Recordo que foi também recusada qualquer aproximação ao movimento de apoio ao então presidente de Câmara. O PSD, por comparação com os resultados de 2009 (3.309 votos), perdeu cerca de 1.000 votos, mantendo, no entanto, dois vereadores.

O PS e a candidatura de Pedro Ribeiro acabaram por ser os vencedores autárquicos no Cartaxo, ainda que tivessem perdido a maioria absoluta na Câmara Municipal. Na minha análise, o resultado do PS só não foi pior porque aproveitou integralmente a perda eleitoral de BE e CDU (529+383=912 votos). Pedro Ribeiro conseguiu com esse transvase atenuar a sangria provocada pela candidatura do então presidente de Câmara, Paulo Varanda, que retirou cerca de 2.100 votos ao tradicional universo socialista. O PS elegeu três vereadores.

Paulo Varanda – Movimento pelo Cartaxo acabou por ser a grande surpresa da noite eleitoral de 2013. Com 2.821 votos tornou-se a segunda força política do concelho, à conta principalmente, segundo creio, das perdas eleitorais do PS e do PSD. O PV-MPC conquistou dois vereadores na Câmara Municipal.

Com a análise feita relativamente a 2013 e acreditando que não haverá uma alteração significativa no número de eleitores do concelho do Cartaxo que irá este ano votar, restam-me algumas questões em relação às Eleições Autárquicas de 2017:

– Será que a CDU e o BE têm capacidade de resgatar os eleitores que em 2013 escolheram a candidatura do PS?

– Será que o movimento Juntos pela Mudança (JPM), que congrega PSD e o Partido Nós Cidadãos, tem capacidade de recuperar os eleitores do PSD que, em 2013, escolheram o projeto Paulo Varanda – Movimento pelo Cartaxo?

– Quem estará em melhores condições para recuperar os restantes eleitores que escolheram o PV-MPC em 2013? O PS que os perdeu? Ou o JPM que os trata como seus?

Dia 1 de Outubro à noite saberemos quem ganhou e quem perdeu. Os dados já foram há muito lançados… mas essas são questões para responder noutra ocasião.


*Jorge Nogueira é militante do PSD

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