Empresa investe seis milhões de euros no Valleypark

Seis milhões de euros é quanto a BB&G – Alternative Worldwide Environmental Solutions, Lda prevê investir, numa primeira fase, na instalação da sua unidade fabril no Valleypark.

A assinatura do contrato para a instalação desta unidade industrial aconteceu esta quinta-feira, na Câmara do Cartaxo, numa sessão em que foi, também, dado a conhecer o projeto.

Trata-se de uma unidade de conversão de pneus usados, que criará 40 postos de trabalho diretos, e cuja laboração assenta numa tecnologia própria, patenteada. O processo é exclusivamente térmico, transformando a borracha triturada dos pneus, livre de metal e têxteis, através da transferência de calor.

A unidade fabril ocupará 4.000 metros quadrados. A sua instalação está prevista para o ano de 2020 e o início de funcionamento da fábrica para o 2º trimestre de 2021. A fábrica vai operar em regime de turnos, 24 horas por dia, para maximizar todo o potencial instalado.

O projeto assenta numa tecnologia própria, patenteada, que tem vindo a ser desenvolvida e testada intensivamente, desde 2012, em resultado de um longo período de investigação, por parte da equipa de gestão e respetivos parceiros. “Vai ser, em Portugal, uma tecnologia inovadora, porque processa uma matéria-prima, o pneu. Não reciclamos pneus, para isso temos a Valorpneu, que em Portugal é a entidade que gere os recicladores”, explicou Germano Carreira, administrador da BB&G.

Um projeto que vai ao encontro das preocupações ambientais atuais. Germano Carreira lembrou que “o pneu é um problema, não só em Portugal mas no mundo inteiro. Na Europa temos quase 400 milhões de pneus usados, e mais de 50 por cento dos pneus vão para as cimenteiras para ser queimados. Queimar pneus, hoje, no séc. XXI, é um problema muito grande no meio ambiente”.

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Assim, os produtos obtidos deste processo serão o negro de fumo recuperado (N550, N660 e N772), duas frações de hidrocarbonetos (C9 a C18) e gás de síntese.

A unidade do Cartaxo vai ter uma linha, “que vai receber 10.886 toneladas de pneu triturado por ano, que representarão 6,5 milhões de litros de combustível (hidrocarbonetos). Temos dois tipos de combustível, um gasóleo e uma gasolina”, cujo escoamento já está a ser negociado com uma refinaria, que o transformará e introduzirá na cadeia de consumo, adiantou Germano Carreira.

Esta é uma tecnologia limpa, que não recorre a produtos químicos ao longo do processo nem gera desperdício, permitindo a reutilização de todos os produtos obtidos, que terão destinos distintos: “o negro de fumo recuperado permitirá fabricar um novo pneu utilizando uma quantidade menor do que se fosse utilizado negro de fumo virgem e com um menor impacto no ambiente”.

Este negro de fumo recuperado será depois vendido em Portugal, ao grupo Amorim, mas a maior parte será exportada para Espanha.

O último produto, o gás síntese, “será convertido em eletricidade, através de um gerador, e servirá para autoconsumo da unidade, cerca de 70 por cento do produzido, sendo o excedente entregue à rede, através da EDP”.

O projeto conta com a parceria da Universidade de Aveiro, no âmbito da I&D e que será cofinanciado pelo Programa Portugal 2020. Para o futuro, o objetivo passa por “conseguir fazer um pneu novo exclusivamente a partir de um pneu usado”, revelou.

Para a empresa, “o entusiasmo e a disponibilidade com os quais a Câmara Municipal do Cartaxo acolheu o projeto, desde o primeiro momento, o modo como se afirmou enquanto parceiro institucional e facilitador, capaz de reunir esforços, contribuíram para assegurar a implementação do deste projeto e deste investimento, no concelho do Cartaxo”, resumiu este responsável, que adiantou que a sede social da BB&G deverá ser transferida para o Cartaxo a breve trecho.

José Eduardo Carvalho, presidente do Valleypark, destacou o âmbito inovador de todo o processo, já que “há um projeto piloto desta linha de fabricação, em Fátima, no valor de 600 mil euros, e todos os que têm oportunidade de assistir ficam impressionados com este projeto que, no âmbito do Portugal 2020, foi aprovado com a maior ponderação de mérito que um projeto no nosso País pode ter”.

O facto da primeira unidade desta empresa ser construída em Portugal, no Município do Cartaxo, “é uma grande notícia para o concelho, uma ótima forma de começar 2020, e que nos alimenta a expectativa, fundamentada, de que em breve vamos voltar a estar aqui, a anunciar mais investimentos para o nosso parque de negócios”, afirmou o presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, Pedro Ribeiro.

Pedro Ribeiro agradeceu esta escolha do Município pela empresa, lembrando que “em Portugal temos 308 municípios que lutam, trabalham e competem para atrair este tipo de investimentos e é, por isso, uma honra, que o Cartaxo tenha sido o eleito”. “Da nossa parte, tudo será feito para que a unidade esteja implementada no terreno rapidamente”, assegurou.

Também o facto da sede social da empresa passar para o Cartaxo logo que unidade esteja construída e a preferência que será dada, em termos de recrutamento, aos munícipes, são, para o autarca, motivos de celebração, “por contribuírem, diretamente, para o tecido empresarial do nosso concelho, em diferentes dinâmicas, quer na construção do pavilhão, quer na capacidade para trabalhar com outras empresas locais e pela capacidade de atrair mão de obra qualificada”.

“Estamos certos de que a BB&G será uma grande embaixadora do Valleypark e do Cartaxo e de que, trabalhando em conjunto, conseguiremos que mais pessoas da nossa terra possam vir a desenvolver aqui os seus negócios e assim contribuir para o desenvolvimento da nossa terra”, concluiu Pedro Magalhães Ribeiro.

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