Envelhecimento, atividade física e qualidade de vida
Opinião de Aníbal Felício Ferreira, Gerontólogo, mestrando em Cuidados Continuados Integrados (paliativos)
É do conhecimento geral que os idosos de hoje vivem mais tempo, mas é premente que não vivam apenas uma maior quantidade de anos, mas também com qualidade de vida. Muito tem sido discutido pelos especialistas no sentido de se encontrarem as melhores estratégias para um envelhecimento ativo, mas sobretudo saudável.
Ao envelhecimento é sempre associado um grupo de processos, balizado na perda da capacidade de adaptação e na redução da funcionalidade, ficando assim associado a alterações significativas ao nível da mobilidade, autonomia e saúde do indivíduo.
Desde meados do século passado que se começaram a padronizar os comportamentos dos idosos, com sinónimos ligados à inércia, à passividade física e imobilidade. De alguma forma, não poderá ser totalmente contrariada esta afirmação, uma vez que muitos dos nossos idosos após a passagem à reforma se adequam a uma vivência com pouco dinamismo físico.
Como é importante perceber as implicações desta inércia na saúde do indivíduo, poderemos dizer que tem uma cota de responsabilidade pelo aumento exponencial das doenças cardiovasculares (cerca de 1,5 vezes mais).
Atentemos ao caso de um idoso saudável que passa grande parte do dia sentado sem atividade física: a) Os movimentos peristálticos diminuem devido à imobilidade, levando a uma dificuldade na digestão e na respetiva distribuição da energia que os alimentos transportam; b) Promove a perda de massa muscular, fundamentalmente ao nível dos membros inferiores, levando à existência de uma menor capacidade de suporte; c) Diminui a vascularização ao nível periférico (extremidades), promovendo a perda de sensibilidade; d) Ao nível dos tendões, existe uma perda de elasticidade que vai promover a diminuição da amplitude de movimentos.
Estudos recentes demostram ainda que a diminuição da atividade física no idoso permite um aumento significativo de certas patologias inerentes à idade, como são exemplo: a diabetes mellitus tipo 2; a hipertensão arterial (HTA); a neoplasia do intestino.
Em contrapartida, a prática regular de atividade física encontra um paralelismo com o aumento do conteúdo ósseo e com a redução do risco de quedas e fraturas osteoporóticas.
Perante estes factos, será importante atentar que, um aumento da atividade física formal e não formal, pode vir a ser uma excelente estratégia preventiva tanto para o indivíduo como para a sociedade onde está inserido, sendo uma forma de melhorar a saúde pública.