É de Jorge Sampaio uma das melhores definições sobre o que é cidadania. O ex-Presidente da República resume-a brilhantemente: “A cidadania é responsabilidade perante nós e perante os outros, consciência de deveres e de direitos, impulso para a solidariedade e para a participação, é sentido de comunidade e de partilha, é insatisfação perante o que é injusto ou o que está mal, é vontade de aperfeiçoar, de servir, é espírito de inovação, de audácia, de risco, é pensamento que age e ação que se pensa.”
Numa República como Portugal, em que há mais de cem anos deixámos de ser súbditos para passarmos a ser cidadãos, a importância de como o coletivo vive e entende a cidadania pode ser a diferença entre a possibilidade de construir uma sociedade mais justa, mais solidária e mais evoluída e o seu contrário, o não passar da “cepa torta” onde se come, cala e obedece a quem manda “a bem da nação”. Não existem países evoluídos sem cidadania forte, consciente e inquieta e isto não é uma opinião, é um facto.
Se por um lado existe toda uma História de subserviência ao Poder que faz com que continuemos à espera de um D. Sebastião que nos salve sem o nosso esforço, por outro lado temos, ainda, uma escola pública com o dever de educar para a cidadania.
É na escola que temos as primeiras experiências democráticas, como as eleições para delegados de turma ou para representantes dos alunos; que aprendemos a gerir a nossa relação com a autoridade fora da família, através do relacionamento com os professores e é na escola que o sentido de pertença a uma comunidade começa a ser mais forte.
A educação para a cidadania na escola é assim um dos pilares para o desenvolvimento, além da teoria, as relações entre professores e pais com os alunos são fundamentais para que estes aprendam a comportar-se como cidadãos plenos. Espero que a escola consiga fazê-lo sem tentações ditatoriais, pois é também através do exemplo que se educa.
Talvez assim acabemos de vez com o sebastianismo, porque afinal D. Sebastião és tu, o cidadão.
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