Mais uma unidade industrial – depois da Unicer a Rical – vai desaparecer na região, criando mais desemprego e menos riqueza.
Contudo, esta debandada empresarial não faz sentido. Sobretudo em termos de logística e de recursos endógenos, já que a Lezíria do Tejo, onde pertence o município do Cartaxo, constitui uma sub-região do país com enormes potencialidades, sobretudo agro industriais, com bons níveis de produtividade agrícolas, viabilizando uma agricultura de excelência orientada para o mercado, interno e externo e garante do abastecimento da grande metrópole que lhe fica adjacente. Aliás, será a proximidade à Grande Lisboa e aos principais portos e aeroportos, que faz da região um território de atravessamento e de intermediação, atributos que lhe conferem vantagens comparativas no contexto nacional.
No entanto, apesar de já ter experimentado alguns períodos de algum dinamismo, o desenvolvimento do Vale do Tejo parece ter vindo a estagnar. Não têm surgido investimentos empresariais de vulto; o desemprego é um pesadelo; o consumo sofre os efeitos de políticas de redução de poder de compra; as médias e pequenas empresas, criadoras do emprego local, vão desaparecendo; a desertificação das povoações e o envelhecimento da população é agravado com a debandada dos mais jovens e qualificados; o tecido produtivo assente em micro empresas possui enormes dificuldades de sobrevivência e de acesso ao crédito; o capital industrial tem desaparecido ou sido substituído por “capital especulativo”, criando um círculo de “compra e venda” sem acrescentar valor para a região; o associativismo empresarial, malgrado a boa vontade alguns líderes, tem dificuldades em concretizar estratégias de competitividade de forma continuada; nos territórios municipais, contam-se pelos dedos as Áreas de Localização Empresarial realmente “ativas”… etc., etc.
De vez em quando, algumas vozes vêm alertando para a situação. Encomendam-se estudos regionais, repetindo estratégias e propondo medidas que, depois raramente, aglutinam na sua concretização os agentes de desenvolvimento da região ou, na pior das situações, têm servido apenas para decorar as estantes de gabinetes municipais. Entretanto, a região vai definhando esperando que apareça um “predestinado” que faça dela aquilo que não tem sido feito.
É bom, também lembrar, que os projetos ciclicamente anunciados, pouco impacte poderão ter no desenvolvimento sustentável da região, se a sua envolvente não constituir já um pólo de desenvolvimento minimamente apetrechado com infraestruturas e equipamentos favoráveis à fixação e crescimento das empresas. Por todas estas razões, há que pensar e inverter esta situação pela positiva. Espera-se que, urgente e responsavelmente os agentes de desenvolvimento do Vale do Tejo, os municípios e as suas associações, concertem estratégias de parceria, que possibilitem que a região, de uma vez por todas, se assuma, como um território de complementaridades, tecnologicamente inovador e, logisticamente, como um “corredor de excelência” do Atlântico à Europa. A crise, pelo menos, não nos pode roubar a esperança de acreditar que vai ser possível!