Estudo de genoma pode ser a chave para a sobrevivência das tartarugas marinhas
As características agora desvendadas, através da organização do genoma, podem ser “a chave” para a sobrevivência destas espécies, especialmente “num mundo em rápida mudança”.
Um estudo, no qual participa o docente do Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), Agostinho Antunes, desvendou que o genoma das tartarugas verdes (Chelonia mydas) e das tartarugas de couro (Dermochelys coriacea) pode “ser a chave” para a sobrevivência destas espécies marinhas.
Publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, o paper, assinado pelo também investigador do CIIMAR-UP, revela que as tartarugas verdes desenvolveram mais genes dedicados à imunidade, sugerindo um sistema imunitário mais bem preparado. Liderado pela Universidade de Massachusetts (Estados Unidos da América), o estudo contou com a participação de 48 investigadores.
As características agora desvendadas, através da organização do genoma, podem ser “a chave” para a sobrevivência destas espécies, especialmente “num mundo em rápida mudança”.
Recorrendo a tecnologias inovadoras, o estudo permitiu descobrir que os genomas das tartarugas verdes e das tartarugas de couro são “notavelmente semelhantes”, apesar de terem sido observadas “diferenças que as tornam únicas” e que foram alvo de escrutínio pelos investigadores, uma vez que os animais estão em perigo de extinção.
A par dos genes dedicados à imunidade, esta população de tartarugas desenvolveu também mais recetores olfativos que auxiliam a navegação, ocupação de diversos ambientes e uma especialização da dieta.
Já o genoma das tartarugas de couro, que historicamente têm níveis populacionais mais baixos, demonstrou “uma diversidade genética mais reduzida”.
A investigação desenvolvida permitiu ainda compreender os mecanismos de determinação sexual dependente da temperatura e que influenciam a dinâmica populacional, assim como a conservação das espécies.
“Tornou-se também clara a relevância dos microcromossomas, em tempos considerados como ‘lixo genético’, apoiando o seu papel crítico na adaptação evolutiva dos vertebrados”, acrescenta um comunicado do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR).
Agostinho Antunes afirma que os resultados são “surpreendentes” ao revelarem “particularidades dos genomas de referência de duas espécies carismáticas de tartarugas marinhas”.
Os resultados conseguidos com o estudo fornecem “recursos inestimáveis para avançar na compreensão das melhores práticas de evolução e conservação nestes vertebrados em perigo de extinção”.