Eu virtual

Opinião de Miguel Ribeiro

Quando criamos um perfil virtual, seja ele nas redes sociais, nos nossos telemóveis, nas consolas de jogos, ou em qualquer equipamento… Estamos a criar um segundo “Eu”.

Uma Personagem Virtual, quando Fernando Pessoa o fazia através de livros
chamavam-se Heterónimos (“Quando o autor assume outras personalidades como se fossem pessoas reais”).

Não podemos confundir os nossos “eu‘s”. Confundirmos o que é real, com o que é virtual, é algo que acontece muito e infelizmente cada vez mais.  E temos de ter muito cuidado e muita atenção com isso.  Saber que podemos escolher nos outros “eu´s” permite-nos escolher as melhores ou as piores fotos, para criarmos uma aparência, uma imagem, onde podemos altera-la quando quisermos com um simples “click”, mas na realidade somos como somos. Sem efeitos, sem escolher a expressão que nos ficou melhor ou pior, ou até, sem podermos ser apenas uma imagem, que pode até nem ser a nossa. Cada vez vão surgir mais meios e equipamentos que nos vão trazer um mundo virtual cada vez mais real. As Hololens, nos Pcs, o projeto Morpheus na PS4, os Oculus Rift no Facebook ou mesmo os Samsung VR nos telemóveis. Todos estes equipamentos vão nos permitir ter sensações e experiências fantásticas, que nos vão fazer sentir como se estivéssemos num ambiente real.

O Mundo Virtual seja ele de uma página da internet ou trazido até nós através de qualquer outro equipamento eletrónico, pode ser tão profundo de sensações e emoções que as pessoas podem até se apaixonar-se virtualmente. E manterem-se apaixonadas durante anos, até ao fim das próprias vidas, se o quiserem ou não.

O ser humano tem necessidades, algumas básicas, como comer e beber, outras sociais, como conhecer outras pessoas, apaixonar-se. Essas necessidades podem ser “alimentadas” não na sua plenitude, mas parcialmente, com a ajuda da tecnologia que existe e vai existir.

Sendo que cada vez mais, o mundo virtual é mais real, é importante que o nosso real “eu” sobressaia.

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Quando olhamos fixamente para uma imagem num qualquer equipamento ela pode ser tão linda, e também tão “nossa” que podemos nos perder para sempre nela e no que ela nos pode dar ou não, mas quando nos afastamos é uma página, afastamo-nos mais um pouco, e era um qualquer equipamento eletrónico, afastamo-nos ainda mais e aquela imagem não passava disso: uma imagem. Mas a nossa imagem fazia-nos companhia. Estávamos focados só nela, porque na realidade estávamos sozinhos, nós e um qualquer equipamento eletrónico.

É importante sentirmos o cheiro do mar. Sentir o bater das ondas no nosso corpo, sem ser através de uma imagem. É importante que possamos amar uma mulher pelo cheiro do seu cabelo e pelo sabor dos seus lábios, sem ser por uma imagem ou por conversa num qualquer equipamento eletrónico. É importante que saibamos aproveitar o pouco tempo que todos temos, para não deixar o tempo passar. O nosso “EU” Real só vive uma vez. Não tem um botão para “Reiniciar”.

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