Exige-se respeito, senhor presidente

Por Ricardo Magalhães

A primeira Assembleia Municipal do ano volta a ficar marcada pela negativa. Uma vez mais, o senhor presidente da Câmara veio destratar publicamente uma deputada da oposição. Tem sido este o modus operandi sempre que é confrontado com uma pergunta desconfortável ou que sinta colocar em causa o seu trabalho.

A democracia faz-se da troca plural de ideias e assenta na base do respeito pelo escrutínio e discussão que devem pautar os trabalhos dos órgãos democráticos. Não se aceita por isso que o senhor presidente continue repetidamente a fugir a responder a questões por via do ataque pessoal e à integridade de quem o confronta com opiniões divergentes da sua. Nunca pela força se avalia a virtude das ideias. Bem pelo contrário.

Ao senhor presidente não se reserva o direito de a todo o momento pôr em causa a honestidade intelectual e o caráter de quem cumpre o dever fiscalizador do mandato para que foi eleito. Mais, este tipo de postura agressiva e autoritária só pode mesmo resultar num fator inibidor desse dever de escrutínio dos deputados. E acaba por denegrir a imagem da Assembleia Municipal e por envergonhar todos aqueles que trabalham pela valorização da política e valores democráticos.

Lembrar também que os deputados que interpela tão vilipendiosamente, são também eles seus munícipes, os quais tem o dever de tratar com respeito e esclarecer as suas dúvidas, por muito que discorde delas ou considere ignorantes. Basta de histórias de heróis e vilões. Aqui trabalhamos todos para o mesmo, como iguais, mesmo que em funções diferentes. Pelo menos, assim deveria ser. O mundo fez-se para todos. E um mundo em que o senhor presidente ou outro qualquer líder não tenha oposição, não é um mundo em que queremos viver.

Ainda este fim de semana dizia-me alguém de fora que o Cartaxo está estagnado. Sei que com estes ataques evitamos falar disso, do quão pouco de transformador foi feito em quase metade deste mandato. Ainda assim, enquanto deputado, enquanto democrata e, acima de tudo, enquanto homem livre e leal aos valores que me guiam, necessito afirmar: atitudes destas não passarão. Não podem passar.

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