Festival de Acordeão do Cartaxo está de volta em outubro
O Pavilhão Municipal de Exposições acolhe a 11ª edição do Festival de Acordeão do Cartaxo e a 6ª Internacional, no próximo dia 1 de outubro
O Pavilhão Municipal de Exposições acolhe a 11ª edição do Festival de Acordeão do Cartaxo e a 6ª Internacional, contando com dois “maravilhosos músicos”, do Brasil e de Itália, entre vários músicos portugueses. Organizado pela acordeonista Andreia Sofia, professora e divulgadora do acordeão, que esteve presente nas Festas da Cidade, em junho, e nos últimos tempos tem participado com os seus alunos em diferentes programas de televisão, o Festival de Acordeão, que se realiza desde 2009 no Cartaxo, volta a receber centenas de pessoas no próximo dia 1 de outubro.
Falámos com Andreia Sofia, que nos conta tudo sobre este evento que também é internacional
O festival de acordeão vai decorrer ao longo de um dia, no Cartaxo. Qual vai ser o programa?
Para iniciar o Festival, irá decorrer pelas principais artérias do Cartaxo uma arruada musical para assinalar o Dia Mundial da Música, que se celebra no dia 1 de outubro. Segue-se depois o almoço convívio.
Durante a tarde vou orientar uma Conferência sobre o acordeão cromático e diatónico – iremos ter a presença do Carmine Sangineto (Itália) e do representante da conhecida marca Dino Baffetti.
Seguimos depois para o Pavilhão Municipal de Exposições, onde haverá uma matiné dançante para os que se juntam a nós para petiscar antes do Festival, que começa às 21h.
Quantos acordeonistas espera juntar neste dia? E, no geral, entre familiares, amigos e público, quantas pessoas conta ter no Cartaxo?
São 10 acordeonistas profissionais que se juntam a nós. O Festival terá obviamente a participação dos alunos da minha escola de acordeão e os músicos convidados para a arruada. Normalmente o Festival recebe entre 750 a mil espectadores.
De onde vêm os participantes?
Este ano é duplamente internacional. Temos a presença de dois acordeonistas estrangeiros, um italiano e um brasileiro. Dois campeões do mundo de acordeão diatónico e cromático e sete acordeonistas vindos do Algarve, que é o berço do acordeão em Portugal. Sem dúvida o melhor elenco de todas as edições.
Quais as idades dos músicos que participam no festival, este ano?
Eu sou uma das mais novas, no entanto, os acordeonistas convidados são músicos com muita experiência no panorama acordeonístico. Variedade é a palavra que melhor define este elenco, pois tanto temos o senhor Tino Costa com 78 anos, como acordeonistas com menos de metade da idade, que viajam pelo mundo em prol do acordeão.
O que significa para si este festival?
O festival começou por ser um sonho meu. Desde dos nove anos que era convidada por colegas para ir tocar às suas terras até que convenci os meus pais a organizar o primeiro festival em 2009, para convidar grandes nomes a tocar no Cartaxo: o primeiro convite foi dirigido à D. Eugénia Lima. Desde as primeiras edições que se tornou num dos maiores festivais de acordeão de Portugal.
A Andreia também vai participar?
A Escola de Acordeão Andreia Sofia também vai participar e neste conjunto também há uma grande variedade: tenho alunos dos oito aos 80 anos.
Há quantos anos toca acordeão?
Eu toco acordeão desde dos nove anos de idade, embora o acordeão nunca tenha saído da minha vida, parei apenas quando parti um dedo e quando me dediquei à tese de mestrado em Ensino da Música.
Neste seu percurso com o acordeão já recebeu prémios importantes. Fale-nos um pouco da importância desses prémios na sua carreira musical?
Desde cedo que participo em concursos de acordeão e os prémios que recebi refletem o estudo e a dedicação ao instrumento. Estudo há vários anos com o Mestre Aníbal Freire e o mais recente prémio que recebi no Concurso Nacional de Acordeão de Alcobaça, inserido na Semana Internacional de Acordeão de Alcobaça, foi com um arranjo de sua autoria em que interpretei um tema de autoria de João Barra Bexiga, um dos grandes nomes do acordeão em Portugal.
Sendo música, professora de acordeão e divulgadora deste instrumento, percebe-se que esta é uma paixão… Como é que se apaixonou pelo acordeão e quando é que percebeu que este era o seu caminho?
A paixão vem da minha mãe Adelaide, algarvia. Desde sempre que a oiço a ouvir acordeão e só depois de crescida fiquei a saber da sua história. Em criança, ela também queria aprender acordeão mas como era coisa de “moço” o meu avô materno não autorizou. A profissão de acordeonista de baile era mal vista, o facto de ser uma mulher a animar uma festa significava que estava sempre na festa até tarde e seria obviamente o centro das atenções.
Ainda bem que os tempos mudaram. Quando abriu a Escola de Acordeão do Cartaxo na Sociedade Filarmónica Cartaxense fui a primeira a inscrever-me. Na altura não fazia ideia do desafio que era, hoje em dia, não subo as escadas do edifício sem me lembrar do primeiro dia em que ali estive. Continua a ser um desafio, mas encaro-o com muita satisfação pois tenho um grande leque de alunos, dos mais jovens aos mais adultos que preservam o gosto pelo acordeão e pelas nossas tradições.