Filipe Carvalho pôs Portugal nas bocas do mundo

Ganhou um Emmy e é o cartaxeiro mais falado nos últimos tempos.

Filipe Carvalho é o cartaxeiro mais falado nos últimos tempos. Com apenas 37 anos, ganhou ‘só’ um Emmy, o prémio maior em televisão, equivalente ao Óscar do cinema.

Apesar de há muito não viver no Cartaxo – “saí do Cartaxo com 12 anos, se bem me recordo. Os meus pais queriam mudar-se para as Caldas da Rainha, nessa altura, por motivos profissionais. E nós fomos com eles, claro”, Filipe Carvalho garante não esquecer as raízes. Aliás, sente que o Cartaxo é a sua terra natal e, por isso, “sempre que assumem que sou das Caldas ou de Lisboa, faço questão de sublinhar que não, sou do Cartaxo. Sou do Ribatejo”.

A paixão por esta ‘arte’ despertou cedo na sua vida. “Cresci a ver as séries e os filmes na TV, nos anos 90. Era um miúdo reservado e tímido, o que fez com que me perdesse nesses mundos imaginados. Com os anos, fui percebendo que eram sempre essas as minhas referências, especialmente da cultura pop americana”. Por isso, não obstante ser um autodidata – apesar de ter feito um curso técnico de multimédia –, “era inevitável que me envolvesse na indústria, mais tarde ou mais cedo”.

Filipe trabalha com grandes estúdios americanos desde há dez anos, a partir de Lisboa, tendo trabalhado em grandes produções como A Guerra dos Tronos ou Cosmos: Odisseia no Espaço, e em filmes como O Fantástico Homem Aranha 2. Por isso, o reconhecimento do seu trabalho acabou por chegar.

A equipa responsável pelo trabalho premiado, o genérico da série Counterpart, é constituída por seis pessoas. Aquando da nomeação, “quando vi o meu nome e dos meus colegas, foi uma surpresa e uma felicidade enorme”, conta.

Filipe foi o designer de conceito neste trabalho. Quer isto dizer que “tive a ideia inicial para o que seria a sequência, em conjunto com a minha diretora criativa, Karin Fong”. Aliás, é mesmo isto que faz: “desenvolvo a ideia, o que passa por fazer imagens e fotogramas, e explico o seu significado e como deverá ser executada. Ou seja, tenho a ideia para o genérico, ‘explico-a’ e, depois, uma outra equipa irá construí-la”.

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A cerimónia de atribuição dos prémios decorreu no Microsoft Theater, em Los Angeles, no início de setembro. Quando percebeu que ganhou, foi “um misto de choque e alegria extrema. Aliás, ainda estou assim”, confessa.

Mas a alegria foi partilhada por milhares de portugueses, cartaxeiros incluídos. Quando o Jornal de Cá publicou, na sua página de Facebook, a notícia da vitória de Filipe Carvalho, as reações e comentários de felicitações não se fizeram esperar. Em poucas horas, a publicação atingiu mais de meio milhar de ‘likes’ e provocou dezenas de comentários.

Também os jornais  nacionais, rádios e televisões fizeram eco desta vitória. “Não esperava tanto. Quando aterrei em Portugal foi uma enxurrada de atenção. Foi quando me apercebi que este era o primeiro Emmy primetime ganho por um português que percebi, então, o porquê de tanto alarido. A mensagem do Presidente da República, em particular, foi inesperada”, revelou Filipe Carvalho.

A trabalhar desde há um ano numa série documental chamada Viewfinder, “sobre jornalistas e fotojornalistas de guerra, que está a ser desenvolvido em parceria com a Até ao Fim do Mundo”, Filipe Carvalho espera, agora, que este prémio lhe possa abrir portas, mais facilmente, para o mundo da realização, já que “o facto de agora ser um ‘Emmy Award Winner’ faz com que as conversas partam de uma expetativa diferente. E isso vai ajudar no meu trabalho enquanto realizador e produtor de séries”, finaliza, esperançoso.

Isuvol
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