Francisco José Pereira, o homem que republicanizou o concelho

Crónica de Rogério Coito, Historiador

No ano em que se assinalou o centenário da implantação da República em Portugal, um nome emergiu de uma “apagada e vil tristeza” em que esteve mergulhado durante muitos anos. E no entanto foi dos que mais lutaram para que a 5 de Outubro de 1910 o concelho estivesse apto e consciente a receber a República. Francisco José Pereira nasceu no Cartaxo em 18 de Julho de 1864, filho do médico José Daniel Pereira e de Maria Albertina Moreira. Concluído o curso de Farmácia na Universidade de Coimbra em 1886 estabeleceu-se na sua terra com a “Farmácia Pereira” sendo ao mesmo tempo director dos jornais O Provinciano e Ribatejo.

Acérrimo propagandista dos ideais republicanos participa em comícios por todo o concelho muitas vezes ao lado de José Relvas, José Montez, irmãos António e Marcelino Mesquita e de outras figuras destacadas ou em escritos de imprensa, sendo por um deles condenado a três dias de cadeia o que deu origem a que Mayer Garção levasse o seu caso à imprensa nacional. Casado com Maria Lucília, filha do actor Leoni, deu na descendência da filha Hélia e do neto Francisco Viegas, um bisneto que se tornou famoso no teatro português com o nome de Mário Viegas e a bisneta Maria Hélia Viegas que com carinho guarda o espólio do bisavô.

Ocupou a presidência da Câmara Municipal do Cartaxo após o triunfo da revolução de 1910 tendo a coadjuvá-lo nessa tarefa: Pedro Alves, natural de Abrantes e morador no Cartaxo, comerciante, Manuel Victor da Costa Júnior, de Vila Chã de Ourique; José de Oliveira Santos, comerciante, do Cartaxo e João António Nunes, agricultor, por alcunha “O Brasileiro”, natural da Ereira, dono de uma caldeira de destilação onde durante alguns anos se ensaiavam as Cegadas.

Deputado à Assembleia Nacional Constituinte pelo círculo 31 (Santarém) em 1911, voltou à câmara dos deputados em 1915, 1919 e 1921 sempre pelo mesmo círculo, primeiro nas listas do Partido Republicano e depois nas do Partido Democrático. Nas legislaturas de 1922 e 1925 passou a fazer parte do Senado tendo sido nomeado interinamente chefe da 1ª Repartição da Direcção Geral do Congresso da República. Em 1925, quando o país caminhava para a ditadura que se instalou em 1926 que o afastou de tudo, ele apreciava a política deslizante com humor e reduzia a versos os seus estados de alma.

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