As mulheres não são tão levadas a sério quanto os homens quando expressam emoções negativas, como fúria.
Disso mesmo dá conta um estudo realizado por Jessica Salerno, da Universidade do Arizona e Liana Peter-Hagene, da Universidade de Illinois.
Segundo o estudo, publicado na revista “Law and Human Behavior”, quando as mulheres expressam fúria perante um grupo de deliberação, esta emoção acaba por minar a sua argumentação, e os outros são menos influenciados pelas suas opiniões. Com os homens, o oposto é verdadeiro, ou seja, mais facilmente as suas opiniões são tomadas como boas, acabando por influenciar a decisão dos outros membros do grupo. Segundo as autoras, este facto pode resultar em mulheres potencialmente menos influentes nas decisões socialmente importantes, como veredictos de júri.
O estudo foi efetuado com 200 estudantes universitários. Foi-lhes apresentado o caso em que o Ministério Público alegou que um homem matou a esposa, cortando-lhe a garganta. A defesa, por outro lado, argumentou que a vítima estava deprimida e se matou. Os estudantes tiveram acesso aos depoimentos de testemunhas, reconstituições e a duas fotografias da cena do crime, deliberadamente ambíguas, para que houvesse um argumento igualmente válido para qualquer veredicto.
Depois de analisar as provas, os estudantes acederam a uma sala de chat, que foi pré-programada. Antes da deliberação, os alunos certificaram-se do seu veredicto e do nível de confiança no mesmo.
O que eles desconheciam é que cada chat tinha um dissidente, intencionalmente programado para defender o veredicto oposto ao do participante. Para alguns voluntários do estudo, o dissidente tinha um nome masculino, para outros, feminino.
O que se verificou foi que quando o dissidente masculino defendeu a sua posição com fúria os participantes no estudo perderam confiança no seu veredicto inicial, ao passo que quando o dissidente feminino fez o mesmo, os voluntários acabaram por ganhar ainda mais confiança no veredicto inicial, contrário ao defendido pelo dissidente feminino. E estes resultados verificaram-se quer o voluntário fosse mulher ou homem.
Assim, tal como já tinha sido defendido por Tom Jacobs em 2008, os resultados desta pesquisa apontam para que os homens ganham respeito quando demonstram fúria, ao passo que esta emoção nas mulheres tem o efeito diametralmente oposto nos outros.
Por isso, caras leitoras, mesmo que vos apeteça arrancar a cabeça de alguém à dentada, abstenham-se de manifestar esse sentimento, ou correm o risco de ouvir qualquer coisa como “tadinha, é doida! Vejam lá se era motivo para isso!”, mesmo que tenham acabado de vos pregar com um balde de tinta em cima…